Especialistas pedem cuidado com o percevejo e a falsa medideira nesta safra

Painel realizado nesta quinta, dia 25, em Dourados (MS) também falou de refúgio sanitário e soja segunda safra

O segundo Fórum Soja Brasil realizado durante a Abertura Nacional do Plantio de Soja – Safra 2014/2015, em Dourados (MS), tratou de temas importantes para este início de safra. O painel desta quinta, dia 25, reuniu especialistas com representantes dos produtores para debater o refúgio sanitário, a soja segunda safra, a Helicoverpa armigera e outras doenças e pragas na cultura da oleaginosa.

• Veja como foi o Fórum Soja Brasil sobre renda para a safra 2014/2015

Fizeram parte deste debate o presidente da Aprosoja-MS, Maurício Saito, o diretor-executivo da Aprosoja Brasil, Fabrício Rosa, o consultor técnico do Soja Brasil, Áureo Lantmann, o pesquisador da Embrapa Soja, Edson Hirose, o técnico de desenvolvimento da Basf Marcelo Katakura e o pesquisador da Fundação MS José Fernando Grigolli.

Helicoverpa

Principal problema das últimas safras, a Helicoverpa foi o assunto que abriu o painel. Questionado se a incidência e aumento da praga estavam relacionados com o manejo incorreto dos produtores, todos os debatedores foram unânimes em afirmar que não é este o motivo do aumento de população da lagarta.

– Os percevejos e as lagartas ficaram mais difíceis de controlar nos últimos anos, mas não significa que a culpa é do produtor – afirma Fabrício Rosa

Áureo Lantmann seguiu o mesmo raciocínio e disse que os produtores fazem parte de uma cadeia produtiva e que eles não podem ser considerados culpados pelas infestações.

– O inseto na soja vai existir sempre, temos que admitir que irá aparecer helicoverpa, percevejo e falsa medideira. O produtor produz o alimento, e ele está dentro de um sistema, não podemos jogar a culpa no produtor. O sistema é que está desequilibrado. E não pode existir desespero na agricultura – pondera Lantmann.

De uma forma geral, os painelistas reforçam a importância do Manejo Integrado de Pragas (MIP). Também lembraram que insetos como a falsa medideira e o percevejo poderão trazer problemas nesta safra, principalmente porque a nova tecnologia das cultivares não controla totalmente essas pragas.

Refúgio sanitário

Hoje, não existe uma regra para se cultivar o refúgio para tecnologias Bt, mas o Ministério da Agricultura criou um grupo de estudos para criar uma normatização que faça o refúgio ser obrigatório no país. Até o dia 10 de outubro, o ministro da Agricultura, Neri Geller, espera publicar a regulamentação deste mecanismo de controle de pragas.

Dentro deste assunto, os debatedores acreditam que o produtor já está se preparando para plantar o refúgio mesmo sem regulamentação. A opinião é de que é interesse do próprio produtor manter a efetividade da tecnologia. A recomendação da detentora da tecnologia é de que a área seja de, no mínimo, 20% da lavoura.

– O que nós queremos propor na regulamentação é que seja garantida pelos vendedores, na hora da compra, a oferta de sementes sem tecnologia Bt proporcional ao que o produtor precisa. E que sejam sementes com boa produtividade – explica Rosa.

Soja segunda safra

Outra grande questão no controle de pragas e doenças é a soja segunda safra, ou soja safrinha. Para alguns especialistas, esta prática prejudica o controle de insetos nas lavouras. Os dirigentes do setor argumentaram que o cultivo da safrinha ainda é baixo no Brasil, cerca de 600 mil hectares neste ano, o que, para eles, não significa um grande problema para a cultura da oleaginosa.

– Não há motivo, a não ser o econômico, que faz o produtor plantar soja safrinha. A soja safrinha por si só vai diminuir, porque os valores não estão atrativos nesta safra – comenta Maurício Saito.

Produtor mais presente no campo

Por fim, os participantes do Fórum Soja Brasil acreditam que o produtor precisa voltar a trabalhar mais no campo e a assistência técnica se especializar mais para que o manejo de doenças e pragas continue forte e durador no país.

– Com os preços em alta, o produtor acaba ficando um pouco desatento com a questão fitossanitária – justifica Saito.

O técnico da empresa Basf listou algumas práticas que não podem ser abandonadas pelos sojicultores.

– O agricultor tem que voltar mais ao campo, ter mais assistência técnica, alternar os princípios ativos, realizar o manejo integrado de pragas. Hoje, o produtor está mais coerente e técnico. Recomendamos que os agricultores não realizem a ponte verde, não podemos perder tecnologias tão importantes – completa Katakura.

Veja a matéria do Rural Notícias sobre o evento:

Soja Brasil em Mato Grosso do Sul
O Soja Brasil termina sua passagem por Mato Grosso do Sul, acompanhando a Abertura Nacional do Plantio de Soja – Safra 2014/2015 e organizando dois debates neste evento. Agora, o projeto viaja no mês de novembro para Mato Grosso para a realização de mais um fórum.

A realização do roteiro do Soja Brasil em Mato Grosso do Sul tem a parceria da Sistema Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado) e da Associação de Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS).