Os efeitos da praga já levaram o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) a declarar emergência fitossanitária em seis Estados. Somente em Mato Grosso, o status foi ampliado. Para o pesquisador da Embrapa Cerrados, Roberto Teixeira Alves, os prejuízos já devem ser menores nesta safra, graças à utilização de inimigos naturais, como a vespa tricograma, e defensivos biológicos, como o bacillus thuringiensis e o baculovirus.
– A vespinha é muito crucial o momento da aplicação, é mais difícil de acertar a data certa. O baculovirus, o bacillus tem mais flexibilidade, pode ser um pouco antes, um pouco depois, que vai funcionar – explica Alves.
Com o uso dessas tecnologias, o número de aplicações de inseticidas é menor, variando entre seis e oito por safra. A pulverização deve ser feita quando houver no máximo quatro lagartas por amostragem. Enquanto a vespa os ovos da helicoverpa, esses dois defensivos biológicos são ingeridos pela lagarta.
– No intestino médio do inseto, das lagartas, é onde ocorre a digestão. O PH tem que ser acima de 7,5, alcalino. Assim, dissolve a partícula do vírus, onde tem a toxina da bactéria e mata o inseto. A eficiência é grande, pode chegar a 80%, que é mais que suficiente para baixar a população. Se não monitorar e aplicar atrasado, vai ter eficiência também, mas a eficiência vai cair pra 40%, 30% – salienta o pesquisador.
O uso conjunto de defensivos químicos e biológicos pode reduzir em até 20% os custos no combate à lagarta. No Distrito Federal, as perdas nas lavouras de soja não devem passar de 5%, resultado de um conhecimento maior sobre praga. Os 120 produtores que integram a Cooperativa Agropecuária do Distrito Federal aplicaram as substâncias nos primeiros 15 dias da helicoverpa em forma de lagarta.
– Os produtores usaram o calendário que prevê o número de lagartas. O importante é não deixar a lagarta atinja a fase adulta. Fizeram aplicação na fase nova quando é mais suscetível e alternaram os inseticidas biológicos. Além do uso de inimigos naturais, em função disso o controle foi muito bom. Os produtores não podem se descuidar e devem fazer o manejo integrado e vistoriar a lavoura diariamente – reforça o responsável técnico Coopa-DF, Cláudio Malinski.
– Nós podemos afirmar que jamais vamos exterminar a lagarta. O que nós temos que fazer é aprender a conviver com essa praga. É uma questão de aprendizado, isso leva um tempo. Acho que no máximo dois anos, o produtor não vai mais estar preocupado com a helicoverpa – conclui Alves.