– Ficou comprovada a necessidade dos leilões, e a oferta de 50 mil toneladas é o mínimo dos mínimos do que precisamos – disse o presidente do Sindarroz, Elton Doeler.
Os leilões atendem a pedido do sindicato, que reclamava de dificuldade de abastecimento. Na semana passada o Ministério da Agricultura sinalizou a realização de leilões quinzenais. O governo tem hoje 1,566 milhão de toneladas de arroz nos estoques, das quais 1,536 milhão estão depositadas no Rio Grande do Sul.
Doeler argumenta que os produtores estão retendo os estoques remanescentes e por isso é necessário que o governo atue para garantir o abastecimento da indústria. Doeler destaca que as indústrias não querem que a oferta dos estoques públicos pressione os preços do cereal, hoje acima de R$ 35,00 a saca de 50 quilos, mas diz que “a faixa de oscilação ideal seria entre R$ 25,00 e R$ 35,00”.
Para a Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz), não há tendência de baixa para os preços após o leilão.
– Os leilões abrem espaço nos estoques e ajudam a desovar arroz de safras passadas. O que também é positivo – aponta o presidente da entidade, Renato Rocha.
No entanto, ele contesta a afirmação da indústria de que o mercado esteja desabastecido, argumentando que no momento o produtor precisa escoar o arroz remanescente para bancar parte do custeio da safra nova e pagar as dívidas. Na opinião do diretor comercial do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), Rubens Silveira, a sustentação dos preços é importante para incentivar o plantio e garantir a oferta no próximo ano. Segundo ele, se o governo agir para derrubar os preços, é provável que haja um recuo na área da safra que ainda está sendo planejada. Silveira avalia que os preços do arroz podem atingir patamares mais elevados que os atuais R$ 35,00 por saca.
– Quem pagou menos comprou arroz velho, de safras antigas, indicando que o arroz novo está valendo mais.
Ele complementa ainda que há escassez do cereal em outros Estados, como Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso, motivando compras no mercado gaúcho. Ainda assim, não deve faltar arroz para atender a indústria. Na semana passada o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Caio Rocha, disse que o preço do arroz a R$ 36,00 no Rio Grande do Sul era indicativo de que o governo precisava agir para segurar o preço e garantir abastecimento.