A alta nos preços do milho no mercado doméstico, em função dos problemas climáticos que têm afetado a safrinha, está levando compradores a encontrar melhores ofertas no mercado argentino. O analista de mercado Vlamir Brandalizze comenta a conjuntura do mercado e seu impacto nas cotações do cereal.
“O Brasil está colhendo uma safra muito complicada esse ano. A safrinha foi fortemente atingida por todos os problemas possíveis, seca, geada, vento, granizo. E estamos num ano em que vamos ter consumo recorde de milho, o setor de ração está no pico de consumo. Vamos precisar de mais de 40 milhões de toneladas de milho no segundo semestre. Vai ser apertado”, observa.
“Hoje nós temos uma safrinha de 60 milhões, mas grande parte já está vendida para exportações. Então, vamos partir para as importações. Alguns negócios já estão sendo feitos com a Argentina, e novos negócios devem fluir nos próximos dias. O milho argentino chega competitivo aos portos brasileiros, a menos de R$ 100. O quadro é de novos negócios e grandes volumes nos navios, com muito comprador e muito consumidor”, acrescenta.
O analista também chama a atenção para a preocupação do mercado internacional com as quebras de safra em vários países.
“Em relação ao mercado internacional, a situação é complicada porque o clima nos EUA é desfavorável e a safra pode vir abaixo de 385 milhões de toneladas. O mercado americano já está bem apertado. Os estoques são baixos, devem ficar ainda menores. Há problemas também no leste europeu, na Ucrânia, na Rússia, a China nessa semana sofreu calamidades, tempestades, tornados. A previsão dos chineses era produzir 268 milhões de toneladas, mas deve cair para 250 milhões. O consumo será de 300 milhões, então é um aperto grande, os chineses devem importar mais de 30 milhões de toneladas”, diz Brandalizze.
“Não tem muito espaço para a queda de preço do milho nesse ano e provavelmente nem no ano que vem. O mercado internacional deve continuar firme, com pressão de alta, se ajustando”, prevê.