A instabilidade do mercado financeiro veio a tona três anos depois da crise de 2008 e segundo o economista e analista de mercado Clodoir Vieira, está diretamente ligada a ela.
? Em 2008 os bancos centrais, para salvarem os bancos e a indústria a fazer a retomada do crescimento, colocaram muito dinheiro no mercado. Foram trilhões de dólares despejados no mercado. A economia respondeu muito rápido no começo, só que depois estabilizou e não continuou crescendo como era esperado pelos bancos centrais. Muito dinheiro do que entrou nos Estados Unidos saiu e foi para os países emergentes, com possibilidades melhores de ganho, e o desemprego no país continuou ? ressalta.
A crise política americana era o ingrediente que faltava para acender o estopim de uma bomba que acabou explodindo com o rebaixamento dos títulos da dívida pública. A consequência foi a queda nas bolsas e a fuga dos investidores para outros ativos. O dólar, por exemplo teve a maior alta desde junho de 2010. Para facilitar o entendimento, o professor de economia Alcides Leite faz uma comparação.
? Se os Estados Unidos fosse uma pessoa física eu diria que é uma pessoa rica, bastante endividada, mas que tem todas as condições de honrar seus compromissos de dívidas. Porém há uma briga interna, talvez a mulher ou o sócio não admita que apresente um plano, eles estão em briga entre eles e esta briga é que assusta os credores ? exemplifica.
Alguns analistas de mercado vêem com receio este momento que, para o Brasil, pode significar, além da desvalorização do real, diminuição de investimentos em papeis na bolsa, a migração do capital externo e a queda de investimentos na indústria.
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O mercado de commodities não deve ter alteração significativa. Pelo menos no que diz respeito a oferta e demanda. O que deve aumentar a curto prazo, de acordo com a analista de mercado Amaryllis Romano, é a incerteza, principalmente dos participantes indiretos deste mercado.
? Os participantes de mercado de commodities que não são efetivamente do ramo devem ter que realizar lucros e sair para cobrir outras posições ou mesmo se afastar de um mercado onde não são especialistas e que tem algum risco porque é bolsa também. Agora em termos de fundamento, oferta e demanda nada se alterou no cenário. Pelo contrário, a gente tinha uma discussão sobre o clima ter afetado de maneira mais séria a produção de grãos no hemisfério norte e parece que isto não está se configurando ? analisa.
O professor de economia acredita que o preço das commodities deve cair pouco, pelo menos a curto prazo. Mas a demanda de países como a Índia e China deve continuar contribuindo para manter a valorização das cotações.
? Cai um pouco o preço das commodities como aconteceu mas não vai voltar a patamares anteriores quando as commodities valiam pouco e produtos industrializados valia muito, porque a situação não vai mudar em relação a oferta e demanda. Há uma oscilação, uma queda, um aumento mas não vai fugir muito em relação aos preços que são realizados hoje ? opina Alcides Leite.
