Segundo pesquisadores da entidade, cenário é de oportunidade para o Brasil e também de desafio para pesquisa, infraestrutura e política agrícola
Um documento elaborado por pesquisadores da Embrapa sustenta que, no meio deste século, o planeta precisará de 700 milhões de toneladas de soja, o dobro da produção atual. O Brasil, segundo maior produtor mundial da leguminosa, poderá aproveitar a oportunidade desse mercado crescente se investir em pesquisa, infraestrutura e política agrícola. Essas informações estão contidas na nota técnica da Embrapa, que mostra os principais desafios para a produção da principal cultura agrícola do país.
Problemas de ordem fitossanitária – como ferrugem asiática, percevejos e nematoides – são os principais desafios para quem planta soja, segundo os especialistas. Também merecem atenção as plantas invasoras cada vez mais resistentes a herbicidas e o manejo do solo, cuja degradação e perda de fertilidade provoca o encadeamento de uma série de problemas agronômicos, como surgimento de doenças e pragas.
Quase US$ 80 bilhões perdidos com a seca
O estudo da Embrapa também destaca a importância de se investir em tecnologias voltadas à tolerância à seca e à eficiência hídrica. O aumento da frequência de extremos climáticos, com maior intensidade e abrangência tem imposto prejuízos consideráveis à soja. Entre 2004 e 2014, dizem os pesquisadores, a região Sul registrou prejuízos de cerca de R$ 27 bilhões por causa de eventos de seca. Em 37 safras brasileiras, entre 1976/1977 e 2013/2014, estima-se que o país somou US$ 79,6 bilhões em perdas provocadas por seca.
O aumento de produtividade é outro desafio importante. Nesse quesito, os cientistas destacam que o Brasil já dispõe de tecnologia de cultivo que permite obter produtividade muito acima da média atual de 3.394 kg/ha. O Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb) registrou a produtividade de 8.944 kg/ha em uma propriedade no Paraná, volume próximo ao obtido por outros sojicultores da região, mostrando que há espaço para aumentar a produtividade. Para isso, os autores recomendam um esforço de transferência de tecnologia em larga escala.
Um dos aspectos principais a considerar é a forma pela qual ocorrerá o aumento da produção, ou seja, com maior ou menor expansão de área cultivada. De acordo com os pesquisadores da Embrapa, países que optarem por incentivar o aumento da produtividade, consequentemente com menor demanda de expansão da fronteira agrícola, melhorarão sensivelmente sua posição no mercado, e assim se tornarão mais competitivos.