Em uma propriedade de 1,65 mil hectares, o agricultor Hélio Dal Bello, produz milho, soja, feijão e sorgo. Este ano ele está preocupado com o início do plantio previsto para a primeira quinzena de outubro. Em março, foi a uma agência do Banco do Brasil e solicitou o financiamento de custeio. Até hoje não recebeu os R$ 400 mil que usaria para comprar insumos. Em abril de 2007, ele já tinha os recursos. O atraso vai refletir no aumento dos custos.
? De maio a junho a tendência é de as mercadorias estarem mais baratas. Agora, esse ano, eu poderia ter comprado o meu adubo a R$ 1,2 mil a tonelada, que hoje está em torno de R$ 1,6 mil. O glifosato, que estava em torno de R$ 10, R$ 12, hoje está em R$ 16. E se eu depender de terceiros, começa [o problema]. O adubo vai chegar, cadê o frete? Com certeza vai aumentar. Começa a pressão da demanda, então meu custo de produção vai aumentar. Já está aumentando.
A CNA explica que os produtores rurais não conseguem contratar os financiamentos porque o governo precisa autorizar a liberação da chamada equalização, que é a diferença entre a taxa de juro do crédito rural e a taxa de juros do mercado. Na prática, o Tesouro Nacional arca com a diferença na taxa Selic, que é de 13% dos juros do crédito rural, de 6,75% ao ano.
? O produtor não está tendo acesso ao crédito e à liberação de recursos. O que precisaria ter era uma maior celeridade dos procedimentos de governo com vista na equalização e em vista de um melhor desenho das fontes de recursos e de sua locação nos bancos privados e oficiais federais ? explica Luciano Carvalho, assessor técnico da CNA.
Segundo a assessoria do Banco do Brasil, as liberações de recursos estão dentro do cronograma. Mas o setor aguarda a reunião do Conselho Monetário Nacional, prevista para ocorrer nesta quinta-feira, dia 31. A expectativa é que seja publicada a resolução que autoriza a equalização dos juros.