Demora oficial para definir leilões de Pepro frustra citricultores

Cadeia produtiva aguardava anúncio da data do leilão para esta sexta, dia 22A demora do governo na definição dos leilões de prêmio de equalização de preços (Pepro) para apoiar a comercialização de laranja frustrou os citricultores, que esperavam a realização dos pregões ainda neste mês. O presidente da Câmara Setorial de Citricultura, vinculada ao Ministério da Agricultura, Marco Antonio dos Santos, disse que a expectativa do setor era que o governo lançasse nesta sexta, dia 22, o aviso para realização do leilão na próxima sexta, 29, mas até agora não existe definição.

Santos, que também é presidente do Sindicato Rural de Taquaritinga (SP), ressalta que os leilões são realizados cinco dias úteis após a publicação do aviso pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Ele estima que, caso o leilão fosse realizado ainda em novembro, o governo poderia apoiar a comercialização de pelo menos 10 milhões de caixas, garantindo aos produtores receber o preço mínimo de R$ 10,10/caixa, que foi aprovado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) no fim do mês passado. Os atuais preços da laranja no mercado estão entre R$ 8 a R$ 9 no mercado spot, enquanto a fruta vendida por meio de contratos antecipados é entregue por R$ 7/caixa.

Na avaliação do presidente da câmara setorial, a realização de leilões em dezembro e janeiro deve possibilitar o apoio à comercialização de apenas 7 milhões de caixas das frutas tardias.

– É um volume pequeno em relação à safra estimada em 230 milhões de caixas – disse, lembrando que o volume maior no fim desta safra está sendo entregue às indústrias agora em novembro. O motivo do atraso na adoção das medidas de apoio à citricultura neste ano foi a denúncia de irregularidades nos leilões de Pepro realizados na safra passada, o que provocou atraso no pagamento dos prêmios. Por meio dos leilões, o governo garantiu aos produtores um subsídio de, em média, R$ 4/caixa na venda de 25,7 milhões de caixas de laranja, ao custo de R$ 117,1 milhões. O prêmio banca a diferença entre o preço mínimo de R$ 10,10/caixa e o valor comprovado de venda da fruta.

A Conab ainda está realizando o pagamento dos prêmios dos leilões realizados entre setembro do ano passado e fevereiro deste ano, após analisar caso a caso as documentações entregues pelos produtores para comprovar a venda das frutas. Santos afirmou que até a semana passada a Conab pagou R$ 91,8 milhões a 1.780 citricultores. Ainda estão pendentes pagamentos de R$ 25 milhões a cerca de 300 produtores. Ele informou que está ansioso para ver todas as pendências resolvidas porque nos almoços de fim de semana é cobrado pela família, pois o sogro dele até hoje não recebeu os prêmios arrematados nos leilões da Conab.

Cotações

As vendas de laranja, por sua vez, continuam firmes no mercado de mesa, já que o clima quente aquece a demanda. Segundo pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), produtores que possuem frutas de qualidade, principalmente pera temporã, têm conseguido maiores valores. Na parcial da semana (de segunda a quinta), a laranja pera registra média de R$ 12,50 a caixa de 40,8 kg, na árvore, aumento de 1,8% em relação à média da semana anterior. Para a lima ácida tahiti, a média parcial recebida pelo produtor nas vendas nacionais é de R$ 24,14/cx de 27 kg, colhida, queda de 15,1% na comparação com a semana passada.

Em relação à indústria, o baixo rendimento das laranjas da safra 2013/14 de São Paulo continua elevando a demanda industrial pela fruta. No caso das grandes processadoras, os preços oferecidos seguem entre R$ 7,00 e R$ 9,00/cx de 40,8 kg, colhida e posta, e nas pequenas processadoras, de R$ 9,00 a R$ 10,00/cx.