Denúncias contra Palocci enfraquecem Planalto para votação do Código Florestal

Acusações ampliam risco de derrota, com eventual veto de Dilma a cultivo em áreas de preservaçãoFragilizado pelas denúncias contra o chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, o Planalto está resignado com uma eventual derrota na votação do novo Código Florestal, que deve ocorrer nessa terça, dia 24. O escândalo, que expôs Palocci na última semana, enfraqueceu o poder do palácio sobre a base nas negociações finais para aprovar a reforma ambiental.

Frente a situação, a presidente Dilma Rousseff se dispõe a assumir o custo político de vetar mudanças pretendidas pela bancada ruralista na Câmara dos Deputados. Afinados com a oposição, aliados de Dilma, escudados pelo PMDB, apadrinharam a emenda apresentada pelo DEM há duas semanas durante a sessão que tentou votar o novo Código. O destaque libera os cultivos já implantados em Áreas de Preservação Ambiental (APP) e é o mesmo texto apresentado pelos democratas. Agora, contudo, a mudança tem o aval de partidos da base governista.

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? Não abrimos mãos das APPs e das reservas legais, assim como não iremos anistiar os desmatadores ? afirmou Vacarezza.

Nos bastidores, porém, o Planalto admite que dificilmente terá forças para evitar a derrota. As energias do governo serão concentradas no Senado, próxima etapa do projeto. Com maioria entre os senadores, o Planalto espera reverter as concessões de última hora dadas pelos deputados. Se a operação for malsucedida, Dilma pretende eliminar as mudanças com a caneta presidencial. A estratégia do governo na votação do Código deve ser delineada nessa segunda por Dilma em reunião com o Conselho Político.

Manifestações contra concessões ambientais no Código Florestal ocorreram em várias cidades, como em São Paulo. A ex-senadora Marina Silva afirmou que vai entregar ao Congresso e à presidente Dilma Rousseff carta assinada por ela e por outros ex-ministros do Meio Ambiente pedindo a manutenção das restrições à atividade rural.