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Depois da seca, soja do Sul do Brasil será disputada

Com preço valorizado pela quebra da safra, abertura oficial da colheita do produto no RS ocorre neste sábado, dia 24Com a safra de soja castigada pela seca, agricultores se veem obrigados a planejar com ainda mais cuidado a venda da produção para tentar reduzir a perda. Uma disputa acirrada entre a indústria nacional e o mercado exportador promete valorizar o grão escasso no Rio Grande do Sul. É esse cenário que marca a colheita da soja, cuja abertura oficial no Estado está prevista para este sábado, dia 24, em Tupanciretã, com presença do governador Tarso Genro.

Levantamento da Fundação de Economia e Estatística (FEE) mostra que as exportações de soja em grão em janeiro e fevereiro correspondem a apenas 1,3% do negociado no mesmo período de 2011. Apesar do preço atrativo, o valor exportado é quase 10 vezes menor do que em 2005, quando a seca devastou a safra.

– Entre os motivos para a queda nas exportações, estão a cautela do produtor e a absorção mais vantajosa no mercado interno – explica Bruno Caldas, economista da FEE.

Somada à produtividade reduzida, a baixa qualidade do grão desanima os agricultores, principalmente no noroeste do RS, onde a estimativa de quebra ultrapassa os 60%. Sem atender ao padrão para exportar, a destinação à indústria ganha força impulsionada pela produção de biodiesel gaúcha, a maior do país.

– A indústria trabalha para manter a produção, mas o mercado vai impor um limite de preço nesta disputa – observa Erasmo Battistella, diretor-presidente da BSBios, fabricante de biodiesel com sede em Passo Fundo.

A falta de chuva arrasou a lavoura de Airton Becker, 44 anos. Para driblar o desconto na hora da venda devido aos grãos murchos, o agricultor espera o resultado da colheita da soja irrigada em 15% dos 825 hectares em Boa Vista do Cadeado, no Noroeste. O destino da safra obedece à tendência do mercado.

– Vendi 40% antecipado para a indústria, mas terei de misturar grão melhor com pior para aumentar o padrão. Como a quebra foi grande, não haverá sobra para exportar – afirma.

Recomendação é armazenar e avaliar situação do mercado

A queda nas exportações preocupa o diretor do complexo Termasa-Tergrasa, Guillermo Dawson. O executivo prevê redução de 22% no volume de grãos via porto de Rio Grande, o que afeta o ponto de equilíbrio econômico do terminal. Diante da indefinição, Dawson vê no Sul esperança para amenizar as perdas.

– Pela proximidade do porto, a soja da Metade Sul deve ser mais exportada. O grão do norte do Estado é absorvido com mais facilidade pela indústria – aponta Dawson.

Quem puder deve armazenar e avaliar o mercado antes de fechar negócio, recomendam analistas. Os demais devem calcular a relação entre produtividade e custo de produção.
Até 9 de março, segundo a Safras & Mercado, 39% da soja gaúcha já havia sido vendida. Flávio Roberto de França Junior, diretor de produtos, observa que o mercado interno é o destino preferido quando há quebra de safra. Porém, ele prevê que a forte disputa tende a valorizar ainda mais o grão, com preço inflado pelas altas no câmbio e na bolsa de Chicago.

– A perspectiva é de bom preço. Cabe ao produtor acompanhar o mercado e fazer a melhor opção – explica o analista de mercado Farias Toigo.

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