Muitos produtores que renegociaram as dívidas agrícolas foram enquadrados em níveis mais altos de risco bancário e agora não conseguem acessar novos créditos. Esse problema parece longe de uma solução, já que os representantes dos bancos têm medo da inadimplência.
? Existem produtores que tiveram agravamento de risco, o que prevê a lei, mas parte desses produtores conseguiram novos empréstimos ? disse o diretor de agronegócio do Banco do Brasil, José Carlos Vaz.
? Existe restrição dos empréstimos. Recebi ontem (terça, dia 19) uma ligação. Os produtores não conseguem créditos para a produção de trigo. Vou até cutucar o diretor do Banco do Brasil ? lamentou o relator da Comissão Especial de Agricultura, deputado Abelardo Lupion (DEM-PR).
? É exatamente nesse momento de perda da lavoura, de perda do mercado externo que o crédito é cortado consideravelmente ? acrescentou o deputado Paulo Piau (PMDB-MG).
Os representantes de bancos públicos e privados reconhecem as dificuldades, mas afirmam que a situação pode melhorar, pois o Brasil tem bases econômicas confortáveis para sair da crise.
? Podemos reduzir a taxa de juros e ter uma política anticíclica ? sugeriu o vice-presidente de Finanças da Caixa Econômica, Márcio Percival.
Na próxima quarta, dia 27, os deputados querem ouvir o Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. A comissão também pretende marcar audiência com Banco do Brasil, Banco da Amazônia e Banco do Nordeste para entender o porquê dos juros altos praticados em empréstimos de Fundos Constitucionais. Por último, serão ouvidas as entidades de representação do setor agrícola.
A intenção do relator é apresentar o seu parecer em 40 dias. A ideia é propor projetos de lei que amenizem os efeitos da crise. Uma das proposta é que o governo utilize parte das reservas cambiais para financiar vendas no exterior.
? Nós colocaríamos essa parte dos recursos que nós não estamos usando que são as reservas para financiar nos países que têm necessidade hoje de crédito para poderem comprar ? concluiu Lupion.