As fotos tiradas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) comprovam o que os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) já revelaram. Em abril a destruição da floresta Amazônica, em Mato Grosso, cresceu. Áreas imensas, de até dois mil hectares foram devastadas pelos criminosos, que usaram máquinas pesadas e correntes para derrubar as árvores. A fiscalização foi reforçada, mas para a Secretaria de Meio Ambiente, também é preciso colocar em prática medidas de incentivo à preservação, como o pagamento pela manutenção da floresta em pé.
? O Mato Grosso tem apenas 19% do território como reservas indígenas e áreas de proteção. Restante está nas mãos dos produtores rurais. Dois terços de toda a cobertura vegetal original do Estado, faz parte das Reservas Legais e Áreas de Preservação Permanente (APPs) das propriedades rurais. Não há como pensar em preservação se não estivermos incentivando o pagamento pela floresta em pé ? diz o secretário do Meio Ambiente, Alexander Maia.
Entre 2004 e 2010 mato grosso reduziu em 93% os índices de desmatamento na Amazônia legal. A retomada da degradação nos últimos meses mostra que é necessário ampliar os esforços para acabar de vez com este problema.
? O Ibama é um órgão de fiscalização e controle. Mas atualmente, só com isso, não vamos atingir nosso objetivo. As pessoas precisam de renda, precisam sobreviver. É preciso que a legislação ambiental se modernize para que aqueles que preservam tenham condições de manter a floresta em pé. Que aqueles que preservam sejam premiados, tenham um ativo ambiental. Ninguém quer rasgar dinheiro. Dá muito menos trabalho não ter que derrubar a floresta e receber por isso ? explica o superintendente do Ibama?MT, Ramiro Hofmeister de Almeida.
Para o presidente da Associação dos Criadores do Vale do Arinos (Acrivale), e pecuarista de Juara, que é o município que integra a lista dos maiores desmatadores da Amazônia, Fernando Conte, receber pela preservação é fundamental.
? O município de Juara possui 70% das áreas intactas. Acho que um dos grandes passos que poderiam ser tomados é a remuneração da floreta em pé. O governo tem que pensar mais nisso, as próprias Ong’s também devem buscar soluções para que o produtor tenha condição de manter a floresta em pé ? afirma.
Apesar de amplamente defendido, na prática o pagamento pela preservação da floresta ainda esbarra em alguns obstáculos, um deles, segundo os especialistas, é a falta de um mercado formal, com regras bem definidas sobre como os produtores podem ser compensados pelo ativo ambiental.
De acordo com o Instituto Centro de Vida (ICV), atualmente, as discussões sobre o tema giram em torno da proposta de redução das emissões geradas pelo desmatamento e degradação. Quando for definido, o projeto deve regulamentar internacionalmente o mercado de sequestro de carbono originado pela manutenção das florestas. O problema é que, segundo os ambientalistas, o avanço do desmatamento no Brasil pode ameaçar as negociações sobre este comércio.
? O Mato Grosso era o campeão na redução do desmatamento nos últimos cinco anos, mas de repente a degradação volta com força total. Isso assusta muito quem estava apostando na comercialização de carbono, e atrapalha as negociações internacionais ? informa o coordenador executivo do ICV, Laurent Micol.