O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou na última semana medidas para conter a alta da inflação e a queda da moeda norte-americana. As principais iniciativas são o aumento de impostos sobre empréstimos tomados no exterior e IOF, imposto sobre operações financeiras, para crédito pessoal.
Mantega afirma que a queda do dólar é provocada pelo aumento dos investimentos estrangeiros, influenciados pelo bom momento da economia nacional. No entanto, para o analista de mercado Mario Battistel, as ações do governo não tem efeitos para o exportador.
? O governo está minimizando a coisa, mas não está consertando o principal, que é o problema na estrutura da gestão do dinheiro e da gestão do País. E para o exportador isso é ruim. Às vezes, você ouve algumas pessoas do governo falando que os insumos estão caindo também. Sim, caiu um saco de adubo, só que quanto ele rende de produção que ele iria exportar? Ele tem uma redução de custos em 10% na planilha, mas tem perda de 90%. Essa conta, na minha cabeça, não fecha ? diz Battisel.
Cereais
A Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais) acredita que a queda da moeda norte-americana não é motivo de preocupação para o setor. Esse problema é minimizado pela valorização das commodities no mercado internacional, principalmente dos grãos. Mas o representante da entidade alega que o prejuízo está nos preços do frete, negociado em dólar.
? Você tem a desvantagem do frete muito grande se comparado á Argentina e Estados Unidos. E como os pagamentos são todos em dólar, o câmbio impacta muito. Supondo uma distância que você vai pagar R$ 160 aqui e $ 160 (pesos) lá [Argentina]. E quando você converte isso na moeda local para dólar, você vai descontar US$ 100 do produtor brasileiro e US$ 50 do produtor argentino ? diz Sergio Mendes, diretor-geral da Anec.
Carne suína
Já para o setor exportador de carne suína, além do frete, os custos de produção cresceram. A baixa cotação do dólar tem grande impacto nas exportações e isso compromete o resultado das empresas.
? É possível que até isso venha afetar os volumes exportados. Se no segundo semestre não melhorar um pouco essa cotação do dólar, é bem provável que as exportações estabilizem ou até caiam um pouco ? afirma Jurandir Soares Machado, diretor de mercado interno da Abipecs.
E a tendência do dólar nos próximos dias não deve animar os exportadores.
? Como o dólar caiu bastante nesses últimos dias, a gente pode até esperar uma estabilidade. Mas eu acredito que a tendência continua de baixa ? explica Battistel.