– Ninguém ganha jogo sozinho. Isso aqui é resultado do esforço de um time. O sistema leva a um ganho econômico, mas com certo grau de dificuldades. A exploração é tripla – lavoura, pecuária e floresta, e por isso a gestão é mais complexa – declarou.
Na opinião do diretor-presidente da Embrapa, a Fazenda Santa Brígida é uma vitrine do caminho a ser seguido pela futura agricultura. Essa nova agricultura, como frisou Maurício Lopes, será cada vez mais complexa e baseada no uso inteligente dos recursos naturais.
– Vamos ter que enfrentar o desafio da complexidade e construir relacionamentos como esse da Rede de Fomento, entre instituições públicas e privadas – disse ao considerar que o país está preparado para o que chamou da segunda revolução da agricultura brasileira.
O presidente da Assembleia da Rede de Fomento à iLPF e da John Deere no Brasil, Paulo Hermann, e o diretor-presidente da Embrapa entregaram uma placa em homenagem ao ministro da Agricultura no período de 1974 a 1979, Alysson Paolinelli, pelo seu empenho no desenvolvimento da agropecuária brasileira. Em seu agradecimento, Paolinelli estimulou os jovens a concretizarem seus sonhos e contribuírem para tornar a agricultura brasileira cada vez mais competitiva.
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Estações técnicas
Na primeira estação do Dia de Campo, o consultor Roberto Freitas apresentou os índices de produtividade da Fazenda Santa Brígida. Na safra 2006/2007, a produção de milho foi de 80 sacas por hectare e de 40 sacas de soja por hectare. Na safra 2011/2012, a produtividade subiu para 180 sacas de milho por hectare e 50 sacas de soja por hectare.
A produtividade de carne passou de duas arrobas para 16 arrobas por hectare e a idade de abate, que até 2006 era acima de quatro anos, passou a ser, em média, de três anos. Outro avanço foi o teor de matéria orgânica do solo, que passou de 1,8 % para 2,8%, o que equivale à fixação de mais de 11 toneladas de carbono orgânico por hectare nos primeiros 20 centímetros do perfil do solo. Os sistemas adotados na Fazenda Santa Brígida foram comentados pelos pesquisadores da Embrapa Cerrados, João Kluthcouski e Luiz Adriano Cordeiro. Eles mostraram as diferentes formas de consórcio entre soja e/ou milho com braquiária, como também entre sorgo e braquiária, girassol e braquiária. Entre os novos sistemas estão o sistema Santa Brígida, composto pelo consórcio entre milho, braquiária e guandu-anão; o sistema Vacaria para recuperação de pastagem degradada e manutenção produtiva; e o sistema Santa Ana em que é formado um banco de semente de braquiária.
O componente arbóreo foi abordado pelo consultor Wanderley Oliveira, que o comparou com uma “poupança verde” dentro da propriedade. Além das vantagens como conforto animal e reciclagem de nutrientes, a floresta é uma renda extra ao produtor. Oliveira ressaltou que o eucalipto só vem a agregar, desde que se pense na finalidade em função do mercado da região da propriedade. Na Fazenda Santa Brígida, a expansão do componente florestal tem sido progressiva. No início foi plantada uma área de quatro hectares, na safra 2010/2011 já eram mais de dez hectares e atualmente são contabilizadas mais de 51 mil árvores de eucalipto na fazenda.
A integração Lavoura-Pecuária (iLP) permite pasto verde em período de seca e a formação do “boi safrinha”. O consultor William Marchió explicou que em função do resíduo de adubo no solo utilizado no período da lavoura, o pasto no período de seca se torna tão bom quanto o pasto de verão. Além desse benefício, o custo de produção de arroba é menor. Na pecuária tradicional, o custo de produção da arroba é estimado em R$ 73,00, enquanto que no sistema iLPF é de R$ 37,50.
De acordo com o pesquisador Lourival Vilela, da Embrapa Cerrados, o “boi safrinha” é uma alternativa que está em expansão pela simplicidade do sistema. Ele citou o exemplo da Fazenda Triunfo, em Formosa do Rio Preto (BA), em que na área de 200 hectares foi feito inicialmente consórcio de milho e braquiária e depois pasto, nos meses de seca (junho a setembro). O resultado foi um rebanho de dois mil bois.
– O produtor pode ter os animais para fazer cria ou recria, vai depender de cada região. Cada fazenda é um desafio – afirmou.
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