– Se estamos importando arroz do Uruguai e da Argentina é porque há algum problema do nosso lado em termos de competitividade, e os rizicultores estão já carecas como eu de reclamar de que têm uma carga tributária maior do que os argentinos e uruguaios e preço de energia superior. A energia no Brasil é superior ao preço médio mundial. Isso prejudica os produtores de arroz do Rio Grande, que pagam pela irrigação com equipamentos uma tarifa superior aos argentinos e uruguaios. Sem falar nos defensivos – diz o diretor do Departamento de Assuntos Comerciais do Ministério da Agricultura.
Apenas 12% das rodovias no país são asfaltadas e o sistema ferroviário é de apenas 28 mil quilômetros. Em cinco anos, o governo federal junto com a iniciativa privada promete investir R$ 79 bilhões na melhoria desses dessas duas formas de transporte.
– É preciso investir tanto na BR 163, que ela é uma rodovia que vai ligar o Norte ao Sul do país, ou seja, uma rodovia que passa pelos principais municípios produtores do agronegócio. Isso vai facilitar e reduzir o custo de produção – avalia o pesquisador do Ipea José Eustáquio.
O setor produtivo também aguarda a finalização da ferrovia Norte-Sul, que irá facilitar o deslocamento da produção do Centro-Oeste para o Norte e Nordeste do país, reduzindo os fretes e diminuindo a distância dos países compradores. Também são aguardadas medidas para a ampliação dos portos.
– Se você pensa comparando a região Norte e Nordeste e Sul e Sudeste, que o custo de deslocar a produção pelo Sul e Sudeste é o dobro do custo do deslocamento da mesma produção pelo Norte e Nordeste, você percebe aí que mais da metade do preço pode ser reduzida devidamente aos custos logísticos internos dentro do país – explica Eustáquio.
De acordo com a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais, em 2011 o custo para embarcar uma tonelada de grãos nos portos brasileiros foi de US$ 85, enquanto na Argentina o valor foi de US$ 20 e nos Estados Unidos de US$ 23.
– São três estágios: o primeiro é investir na infraestrutura logística; o segundo, investir em rodovias e ferrovias; e o terceiro, ampliar a capacidade dos portos de Santarém e Itaqui para reduzir esses custos finais da produção brasileira – diz o pesquisador.
Para o consultor em agronegócio Clímaco Cézar, ainda há um agravante.
– Hoje o agricultor continua ficando com cerca de 10% a 20 do resultado do agronegócio brasileiro. O resto está com as tradings, empresas de insumos e os bancos, então é preciso uma análise criteriosa sobre isso aí. Se o custo Brasil afeta a agricultura brasileira ou se afeta as tradings. Eu te garanto que as tradings não perdem dinheiro como o custo Brasil. Na verdade, elas têm navios próprios, elas têm cargas próprias, elas compram antecipado uma boa parte da soja e do milho, trocam por fertilizantes delas mesmo – conclui Cézar.