– A coisa está feia – resume o gerente sindical do Sindicato Rural de Sorriso, Rubens Denardi.
O polo é cortado pela BR-163, a mais importante rodovia da região Centro-Oeste, responsável pelo escoamento de cerca de 30% da soja nacional. Em 2012, foi considerada uma das estradas que mais matam no país, com mais de 1,2 mil acidentes, que resultaram em 300 mortes e 550 feridos graves.
Denardi diz que a viagem, que poderia ser feita em três dias, atualmente demora de cinco a seis dias. O tempo gasto para chegar ao destino dobra os custos operacionais entre 25% e 30% dependendo da região e do tipo de frete, diz o presidente do Sindicato das Empresas Transportadores de Mato Grosso (Sindmat), Eleus Vieira de Amorim.
Às margens direita e esquerda da BR-163 também estão grandes produtores de soja: Nova Ubiratã, Ipiranga do Norte, Tapurah, Vera, Feliz Natal, Claudia e Tabaporã.
Sapezal, no meio-norte do Mato Grosso, enfrenta o mesmo problema. O presidente do Sindicato Rural de Sapezal, Claudio José Scariote, disse que o transporte 300 toneladas para o porto de Paranaguá custa R$ 300.
– No ano passado, o frete não chegava a R$ 180 – lembra Scariote.
Santos e Paranaguá
De acordo com a Ecovias, concessionária que administra não só as estradas do Sistema Anchieta/Imigrantes, mas todas as suas interligações, a situação das rodovias vai continuar crítica, enquanto os caminhões carregados de milho e de soja estiverem trazendo grãos para embarque no Porto de Santos.
No Porto de Paranaguá, a 110 quilômetros de Curitiba, a movimentação de caminhões no continua normal, com a chegada de aproximadamente 1,8 mil veículos, dentro da capacidade do pátio. Na tarde de ontem, não houve filas como em anos anteriores, que chegaram a atingir até 60 quilômetros de extensão.
Para o especialista em agronegócio e energia, Marcos Jank, o caos logístico no Brasil já vem se evidenciando desde o ano passado, com a safra recorde de grãos no país e a constatação de que os portos e seus acessos encontram-se despreparados para receber tal concentração de cargas. Segundo ele, os congestionamentos aumentam em direção ao Porto de Santos porque 86% da safra do Cerrado Brasileiro é escoada pelos portos do Sul e Sudeste. Apenas 14% da safra vai para os portos da região Norte. As informações são do jornal O Estado de São Paulo.