Ele reconheceu que o mundo vive “a crise financeira mais perigosa desde a Grande Depressão” dos anos 1930, mas, mesmo assim, disse crer que as conseqüências econômicas não serão similares, já que os governos estão atuando de forma conjunta e com criatividade para lidar com os problemas.
O Fundo confirmou esta semana que disponibilizou aos países-membros suas reservas de quase US$ 250 bilhões para responder à crise financeira. A instituição desembolsaria os recursos em forma de empréstimos urgentes, com menos condições que os programas freqüentes e em questão de duas semanas. Na última quarta, dia 8, Strauss-Kahn ativou o processo, usado pela última vez durante a crise asiática de finais dos anos 1990.
Em seu discurso na sessão plenária da Assembléia Anual do FMI e do Banco Mundial (BM), que termina nesta segunda, em Washington (EUA), o diretor do Fundo destacou que alguns países poderão utilizar reservas para financiar uma queda temporária e repentina nos fluxos de capitais, e outros, explicou, deverão aumentar as taxas de juros em linha com o aumento nas gratificações de risco para frear, assim, a saída de fluxos e reforçar a confiança em suas divisas.
? Alguns podem precisar de ajuda e, possivelmente, uma ajuda muito substancial ? disse Strauss-Kahn, que prometeu que o FMI responderá aos pedidos de colaboração.
Ele ressaltou que as nações em vias de desenvolvimento já sofrem os efeitos de menores exportações e um acesso reduzido ao crédito comercial. Isso se soma aos altos preços dos combustíveis e dos alimentos, que exercem pressão nos orçamentos e as balanças de pagamentos e aumentaram a inflação e os custos de vida.
? O Fundo os ajudará e sei que o Banco Mundial também fará isso ? ressaltou.
Quanto às economias avançadas, destacou que os governos que puderem deveriam considerar planos “mais amplos” de estímulo fiscal para enfrentar a crise financeira mundial. Disse ainda que a ação nos mercados financeiros é essencial, mas não suficiente.
? Precisamos utilizar todos os instrumentos da política macroeconômica moderna para limitar o dano sobre a economia real. Para as economias avançadas, isso implica utilizar a política fiscal quando puderem. O uso mais óbvio da política fiscal é precisamente aliviar as pressões onde são maiores: no setor financeiro e no de habitação ? disse o responsável pelo FMI.
As declarações foram feitas após negociações em Washington, durante as quais os membros do Grupo dos Sete (G7, sete nações mais industrializadas) se comprometeram a utilizar todas as ferramentas necessárias para impedir a falência de grandes bancos. O G7 é formado por Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha, Reino Unido, Itália e França.
Os membros também assegurarão que os programas de garantias de depósitos bancários sejam sólidos, tomarão medidas para que os bancos se recapitalizem com fundos públicos e privados, e atuarão para que o crédito volte a fluir e os mercados monetários funcionem.