? Alguns aspectos que devemos considerar. Primeiro, ele deve trabalhar a gestão dos seus custos e procurar, na medida do possível, criar uma reserva de liquidez que ele possa usar nos anos em que tiver maior dificuldade. Quando o produtor for fazer os seus investimentos e imobilizar o seu capital, ele deve trabalhar com a visão de um ano pior que teve em termos de receita e guardar uma reserva para passar por isso. Não se deve tomar sua decisão de investimento somente com o resultado de um bom ano. Então, cada vez mais ele tem que ser um empresário, tem que analisar seus custos, projetar o mercado e se preparar para imprevistos para que, passando esses imprevistos, possa consolidar seus negócios.
Esses ciclos são claros quando analisados os dados históricos. Também é observada uma diferença entre as regiões produtoras brasileiras: no sul do país, os maiores problemas são em relação a questão climática. Já no Centro-Oeste, as dificuldades têm a ver com preços. A solução seria uma organização conforme as características de cada região.
? Seria interessante que o produtor rural – todos os produtores rurais do Brasil, em todos os seus negócios, não só no crédito financiado, mas até usando recursos próprios, recursos de tradings – tivessem acesso a uma proteção contra riscos e que ela fosse mais ou menos o seguinte: no sul 75% de proteção climática e 25% de proteção de preço, junto. No Centro-Oeste, 75% de proteção de preço e 25% de proteção de seguro. Isso dilui os riscos e as regiões se auto-protegem. O Sul, que tem menos risco de preço, colabora com algum recurso pra fazer o colchão de liquidez para o Centro-Oeste, e o Centro-Oeste para a questão climática do Sul. A gente precisaria trabalhar isso, uma proteção mais abrangente, mas incorporando muito mais produtores até pra incentivar a entrada de corretoras de seguradoras neste processo ? explica Vaz.
Esta organização, conforme o dirigente do BB, deveria ser gerada através de conversas entre governos e lideranças de produtores, juntamente com asseguradoras. Para os agricultores, o momento atual, em que se discutem os problemas da safra que acaba de ser colhida, seria uma boa oportunidade para começar esse diálogo.