DNP diz que 500 funcionários devem ser demitidos devido à paralisação das operações na hidrovia Tietê-Paraná

Com a paralisação da hidrovia, ferrovia que leva grãos até porto de Santos também é prejudicada e caminhões realizam o transporteA DNP Indústria e Navegação, empresa que administra grande parte das barcaças da hidrovia Tietê-Paraná, afirma que mais de 500 funcionários devem ser demitidos por causa da paralisação das operações. O aumento das filas e as mudanças, que foram provocados pela seca, vem comprometendo o transporte pela hidrovia. O nível baixo do rio Tietê limitou o calado das embarcações e a DNP, responsável por mais de 70% das operações, suspendeu o transporte.

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– Além do prejuízo para empresa, os funcionários que precisam ser demitidos, vão ser demitidos porque não tem condições de ficar segurando – afirma o gerente do Porto Intermodal de Pederneiras, Pedro Rossi.

Outro reflexo é na ferrovia, já que sem a navegação, os trens que levam os grãos de Pederneiras a Santos estão parados. Para escoar a safra até o porto, as empresas tiveram que trocar de modal e caminhões foram contratados para transportar os grãos até Santos.

– Foi preciso voltar a usar os caminhões. Isso faz com que as filas cresçam, além de aumentar o movimento das rodovias. Para se ter uma ideia, cada comboio que deixa de navegar na hidrovia são colocados 200 caminhões bitrens na estrada – explica o engenheiro da DNP, José Gheller.

Para o diretor do departamento hidroviário, Casemiro Tércio Carvalho, esse problema poderia ter sido evitado no passado com o investimento em barragens, que diminuiriam a dependência do transporte hidroviário das hidroelétricas.

– O governo federal teve tempo hábil de criar um planejamento elétrico e energético para o país reagir a uma crise destas, mas não foi feito. Agora quem está pagando é o transporte hidroviário, setor agroexportador. Um setor importante para economia do país, os grãos, o setor agropecuário e as commodities tem um papel importantíssimo na economia do Brasil e o transporte é fator crítico de necessidade no comércio exterior – salienta Carvalho.

Diante da maior estiagem das últimas décadas, a queda de braço agora é com o setor de Minas e Energia. A solução seria diminuir a produção de energia em apenas uma das seis hidroelétricas localizadas ao longo da Tietê/Paraná. O departamento hidroviário já comunicou a Agência Nacional das Águas.

– Estamos todos os dias provocando os órgãos responsáveis para poder fazer esta arbitragem. O que a gente pede é a manutenção do nível dos reservatórios para que a navegação não pare. O setor elétrico não pode parar, a gente entende, mas a hidrovia também não pode parar – salienta o diretor.

– Devido à geração de energia ininterrupta, o nível baixou a níveis que não permitem a navegação. A empresa tem 84 barcaças e 14 empurradores, todos parados há 15 dias. Existem duas hidroelétricas, que se reduzirem ou pararem de produzir energia, não afetarão em quase nada a geração total de energia no país e podem ajudar muito a subir o nível de água – reforça Gheller.

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