Apesar de não representar ameaça imediata à Bahia, maior produtor de cacau do país, a Secretaria da Agricultura, via Agência de Defesa Agropecuária (Adab), e o Ministério da Agricultura, via Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira (Ceplac), querem prevenir a entrada da praga, que atinge países produtores de cacau da América Latina e que fazem fronteira com os estados do Norte do Brasil.
O secretário acordou com os estados do Amapá, Roraima, Rondônia, Acre, Pará e Amazonas a assinatura de um termo de cooperação técnica “guarda-chuva”, relativo à defesa animal, vegetal e inspeção sanitária.
– Dentro disso, o foco maior é a monilíase, além de outras doenças como sigatoka negra da banana, doenças do citros, que também podem ameaçar a produção brasileira e baiana, já que a Bahia é o maior produtor de banana e o segundo de laranja – observou Salles.
Em contato com o diretor do Departamento de Sanidade Vegetal do Mapa, Cosam Coutinho, o secretário falou sobre a possibilidade de firmar convênios para a prevenção da doença. Salles propôs ao diretor a assinatura dos convênios, com consequente liberação de recursos para os Estados, visando a elaboração de um plano nacional de contingenciamento e de emergência para a monilíase.
– Não queremos que uma praga como esta, que se mostra mais drástica que a vassoura-de-bruxa, possa causar um novo dano social a uma das regiões agropecuárias mais importantes do Estado. Não temos a ilusão que a Bahia consiga barrar definitivamente a chegada da monilíase, mas queremos atrasar esse processo ao máximo até que a pesquisa agropecuária possa encontrar meios para desenvolver a tecnologia de combate – explicou o secretário.
A monília é uma doença devastadora para o cacaueiro, cujo agente causal é o fungo Moniliophthora roreri, que até o momento não existe no Brasil. Endêmica do noroeste da América Latina e também de alguns países da América Central, foi registrada pela primeira vez no Equador em 1917, de onde se disseminou para a Colômbia (1930), Venezuela (1941), Panamá (1949), Costa Rica (1978), Nicarágua (1980), Peru (1988), Honduras (1997) e Belize (2002). Nestes países, os danos econômicos causados pela monília variam de 50 a 100%.