O dólar comercial abriu os negócios desta segunda-feira, 16, em forte alta, de mais de 3% a R$ 4,98, digerindo mais um corte inesperado dos juros dos Estados Unidos pelo Federal Reserve (FED), o banco central do país. A autoridade monetária, no fim de semana, diminuiu em 1 ponto percentual os juros, o que gera forte estresse e volatilidade nos mercados em meio à escalada do coronavírus nas principais economias do mundo.
Às 9h50 de Brasília, a moeda norte-americana operava em alta de 1,96% no mercado à vista, cotada a R$ 4,923 para venda, depois de abrir em alta de R$ 4,989 (+3,33%). O contrato futuro para abril subia 1,89%, a R$ 4,925.
Os mercados globais responderam a mais um corte de juros pelo FED antes da reunião de política monetária deste mês de forma bastante negativa. O mercado acionário acumula mais uma sessão de fortes perdas, assim como os
títulos de dívidas do governo norte-americano (treasuries). Além disso, o preço do barril de petróleo cai mais de 8%.
Para o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, a decisão do FED em cortar os juros para a faixa entre 0% a 0,25%, a dois dias da reunião da autoridade monetária, soou o alarme de pânico. “No ponto de vista dos investidores, a autoridade monetária possui aquele diferencial de informações que o divide do restante de nós, ‘reles mortais’, e ao se mostrar totalmente inseguro com o ferramental que possui, a reação geral é natural, como demonstrado na abertura dos negócios”, avalia.
O economista-chefe da Necton Corretora, André Perfeito, acrescenta que o FED está tentando reagir à uma crise e que a política monetária tem muito pouco o que fazer. “Cortar os juros agora só aumenta a volatilidade ao jogar
mais dinheiro na mesa de uma economia que precisa de respostas objetivas e diretas, não de maneira difusa como é o efeito esperado da política monetária. A hora é de políticas fiscais, não de afrouxamento monetário”, ressalta.
Já os analistas do Bradesco destacam a ação coordenada de bancos centrais das principais economias do mundo, incluindo regiões em que não houve relaxamento das condições de política monetária, como no Japão e na zona
do Euro.
“Uma série de medidas para injeção de liquidez foram anunciadas. De fato, a paralisação temporária das atividades em vários países por conta da disseminação do vírus deve afetar o crescimento da economia global neste
semestre, sendo esse esforço global, portanto, importante para a suavização dos impactos econômicos da pandemia”, comentam.