Segundo o boletim divulgado nesta semana, o cereal se valorizou nos portos e motivou reajustes no interior do país, mesmo havendo bom excedente interno. Além disso, a paralisação dos caminhoneiros em diversos estados do país comprometeu o transporte do milho para os principais mercados consumidores domésticos e também para os portos.
De acordo com colaboradores do Cepea, a preocupação foi quanto ao abastecimento de mercados consumidores que tiveram pouca disponibilidade de milho em estoque. Nesse contexto, o Indicador ESALQ/BMFBovespa, referente à região de Campinas (SP), subiu expressivos 8,1% no mês de fevereiro, fechando a R$ 28,96/saca de 60 quilos no dia 27 de fevereiro. Se considerados os negócios também em Campinas, mas cujos prazos de pagamento são descontados pela taxa de desconto NPR, o preço médio à vista foi de R$ 28,48/sc, reação de 8,3% no mesmo período.
Os contratos na BM&FBovespa seguiram firmes ao longo do mês de fevereiro. O contrato Mar/15 se valorizou 4,3%, fechando em R$ 29,59/sc, e o Maio/15 subiu 3%, fechando a R$ 29,25/sc no dia 27.
O Cepea ressalta, ainda, que os contratos futuros de milho subiram na CME Group, atrelados à valorização nos vencimentos do petróleo. “As variações de preços do petróleo influenciam as cotações do etanol, pois o milho é a principal matéria-prima para a produção do biocombustível. Assim, o contrato Mar/15 de milho subiu 3,9% em fevereiro, fechando a US$ 3,8450/bushel (US$ 151,37/t) e o contrato Maio/15 se valorizou 3,9%, a US$ 3,9325/bushel (US$ 154,81/t) na sexta, 27”, apontou o boletim.
Impacto do dólar na receita e nas despesas
Segundo o Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea), a moeda norte-americana valorizada frente ao real é “extremamente favorável ao produtor na geração de receita”, mas quanto às despesas, impacta de modo negativo, visto que fertilizantes e defensivos são comprados em dólar.
“A pressão dos itens acima sobre o custo com insumos vem aumentando. No custo final da safra 2014/2015 eles corresponderam a 67,93%, e no último levantamento feito pelo Imea já eram responsáveis por 72,24% do custo em reais”, informa o relatório.
De acordo com o boletim do Imea divulgado ontem, dia 16, pelo lado da receita, a alta de 7,71% na taxa de câmbio desde o início do ano foi um dos principais fatores do aumento de R$ 2,49/sc na média mensal do preço paridade de jul/15, deixando-a em R$ 15,78/sc, a maior média mensal para este índice. Caso este cenário para o dólar continue, os produtores podem receber ofertas de preços em níveis maiores que os verificados, no entanto, os custos para a safra 2015/2016 trarão grandes desafios.
Diante da próxima reunião da cúpula do FED (que inicia hoje) e com o cenário econômico turbulento no Brasil, a taxa de câmbio registrou alta de 5,82% na semana passada.
“Impulsionada pelo dólar, a paridade para jul/15 continua se valorizando. Na semana o aumento foi de 3,29%, fechando com média de R$ 16,07/sc. Com as exportações focadas na soja e a fraca demanda por exportação de milho, o prêmio pago no porto de Paranaguá apresentou forte queda de 30%.”
Safra revisada
O Imea revisou também a área da safra 2014/15 de milho em Mato Grosso para 2,96 milhões de hectares. As chuvas dos últimos meses, que beneficiaram a semeadura do milho, somadas à recuperação positiva dos preços no mercado interno, “estimularam os produtores a semear o cereal, aumentando assim a área”. O reajuste da estimativa girou em torno de 136 mil hectares, ante a área de 2,82 milhões de hectares levantada em novembro. Já em relação à produtividade, foi considerado o mesmo número da projeção passada, que se encontra em 86 sacas por hectare. Assim, a produção do cereal é projetada em 15,29 milhões de toneladas.
*Edição de Paula Soprana