Dólar mais baixo pode elevar compras de alimentos da Ásia, diz representante da BlackRock

Segundo Desmond Cheung, gerente do fundo BGF da BlackRock, enfraquecimento do dólar tornaria preços desses produtos mais baixos para os compradores do continenteQualquer afrouxamento na política monetária dos Estados Unidos pode elevar a demanda de países asiáticos por alimentos na medida em que o consequente enfraquecimento do dólar tornaria os preços desses produtos mais baixos para esses compradores. A opinião é do Desmond Cheung, gerente do fundo BGF World Agriculture Fund, da BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo.

Os mercados financeiros globais estão ansiosos pelo discurso de Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), na sexta, dia 26, durante o tradicional simpósio econômico de Jackson Hole. Foi lá, no ano passado, que ele anunciou a segunda rodada de afrouxamento quantitativo, ou QE2 na linguagem do mercado, que injetou cerca de US$ 600 bilhões na economia americana.

Muitos esperam que Bernanke anuncie alguma medida de estímulo à economia. Entre as opções pode estar uma terceira rodada de afrouxamento, o QE3, embora muitos analistas descartem a medida. Para Cheung, um QE3 manteria o dólar enfraquecido e poderia estimular ainda mais a demanda por produtos agrícolas.

? Dada a crescente demanda por alimentos e a queda dos estoques de grãos nos países emergentes, a valorização de suas moedas nacionais versus o dólar tornaria os grãos mais baratos para importar ? afirmou.

A fragilidade da economia mundial tem desvalorizado de forma expressiva várias classes de ativos, como as ações. O fundo gerido por Cheung, que valia US$ 593,2 milhões no final de junho, também registrou queda, mas tímida, na comparação geral. O fundo, que investe em uma série de ações relacionadas à agricultura, recuou 5,7% no segundo trimestre, ficando abaixo da performance de seu benchmark, o DAX Global Agribusiness Index, que recuou 4,4% no período.

Terras

Cheung disse que boa parte desse desempenho negativo deve-se à exposição do fundo a companhias detentoras de ativos imobiliários (terras) nos mercados emergentes. Como resposta, ele e o co-gerente do fundo, Richard Davis, estão “ajustando a exposição ao mercado de terras agrícolas na América Latina”. Eles acreditam que os governos locais devem começar a intervir nos investimentos estrangeiros. O fundo deve se mover para áreas vistas como subvalorizadas, como a produção de óleo de palma.

Apesar do resultado negativo no segundo trimestre, Cheung mantém uma perspectiva otimista para o setor de agronegócios na medida em que os elevados preços dos grãos permitem que os produtores, mais capitalizados, invistam em suas lavouras. Entre as maiores participações do fundo estão a canadense Potash Corp of Saskatchewan Inc. e a Agrium, ambas de fertilizantes, e a Syngenta AG, de defensivos e sementes.

? Os preços dos grãos estão, definitivamente, de volta ao pico de 2008, mas os preços dos fertilizantes ainda estão mais baixos (que naquela época) ? disse.

Embora muitas das empresas de máquinas agrícolas em que o fundo tem participações, como a Deere & Co. e AGCO Corp. tenham sofrido com a crise financeira mundial, elas continuam classificadas por ele “como boas companhias industriais”. Cheung espera que o desempenho desse segmento melhore em 2012.