O dólar comercial oscila desde a abertura dos negócios desta quarta-feira, 4, mas opera ainda acima de R$ 4,50. O mercado financeiro digere os efeitos do corte da taxa de juros nos Estados Unidos, atento às sinalizações do Federal Reserve (FED), o banco central norte-americano, quanto à decisão do dia 18 e às ações dos demais bancos centrais na tentativa de conter os impactos do coronavírus no mundo.
Às 10h15 de Brasília, a moeda norte-americana operava com leve queda de 0,08% no mercado à vista, cotada a R$ 4,509 para venda, depois de renovar a máxima histórica durante o pregão, a R$ 4,5230. O contrato futuro para abril caía 0,18%, a R$ 4,516, após fechar acima de R$ 4,52 na terça, 3.
Para o economista-chefe da Necton Corretora, André Perfeito, atento aos bancos centrais no mundo, o mercado doméstico já precifica como certo um corte da taxa básica de juros (Selic) na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) nos dias 17 e 18. “Saliento que esses cortes não devem surtir efeito concreto na atividade econômica, mas podem dar sustentação ao nosso mercado de capitais uma vez que a queda da taxa de juros, livre de risco, força pelo custo de oportunidade mais baixo o preço dos ativos para cima”, avalia. Ele acrescenta, porém, que é preciso ter em mente que há limites para o uso da política monetária com objetivos de curto prazo.
Na noite da terça, o Banco Central se posicionou diante o corte do FED argumentando que monitora atentamente o impacto do coronavírus na economia. “À luz dos eventos recentes, o impacto sobre a economia brasileira proveniente da desaceleração global tende a dominar uma eventual deterioração nos preços de ativos financeiros”, acrescentou o BC por meio de um comunicado. Para Perfeito, o BC sugeriu cortes mais agressivos da Selic.
Apesar da queda, mas com o câmbio acima de R$ 4,50, o diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, diz que não descarta a continuidade do movimento de proteção caso a forte agenda de indicadores norte-americanos traga números ruins, ‘atestando a fraqueza da economia mundial com o surto do coronavírus’.