Economia

Dólar renova máxima histórica e fecha em R$ 4,51

A sessão foi de forte volatilidade em reação à ação extraordinária do Federal Reserve que cortou a taxa de juros em 0,50 ponto percentual nesta terça, 3

dólar
Foto: Agência Brasil

O dólar comercial fechou em alta de 0,51% no mercado à vista, cotado a R$ 4,513 para venda nesta terça-feira, 3, renovando a máxima histórica de fechamento pelo nono pregão seguido, além de engatar a décima alta seguida frente ao real. A sessão foi de forte volatilidade em reação à ação extraordinária do Federal Reserve (Fed) que cortou a taxa de juros em 0,50 ponto percentual (pp) no fim da manhã.

Antes disso, o G-7, grupo composto por Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá, e líderes de bancos centrais se reuniram para discutir ações para conter os efeitos do coronavírus na economia global. No primeiro momento, não foi definido quais ferramentas seriam usadas a fim de minimizar os impactos. A ação do Fed foi a primeira de outros seis bancos centrais que devem anunciar estímulos monetários nos próximos dias.

“Recebemos com surpresa a decisão do Fed com a taxa agora indo de 1,00% a 1,25%. De fato, tínhamos sinais crescentes de que teríamos ações mais  preponderantes por parte dos Bancos Centrais globais. Ainda assim, o corte de 0,50 pp não nos parece um movimento de proteção e sim, de antecipação, sobretudo, diante de um panorama em que os desdobramentos do Coronavírus ainda
não são completamente tácitos”, avalia o analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman.

Para o gestor de investimentos, Paulo Petrassi, o corte foi “meio abrupto” e para o Fed não esperar a próxima reunião de decisão política, que será realizada nos dias 17 e 18, mostrou que a situação “é grave”. Arbetman acrescenta que o Fed acendeu a “luz vermelha, passando muito abruptamente pela amarela” e, novamente, tal “gap na comunicação” pode acabar sendo mais prejudicial que positivo ao mercado.

A leitura de que o cenário pode pior do que se espera levou os ativos globais a terem fortes perdas na reta final dos negócios que resultou em quedas de mais de 3% das bolsas norte-americanas, enquanto os juros projetados pelos títulos de dívida de dez anos do governo norte-americano (treasuries) caíram abaixo de 1% pela primeira vez na história. Já o dólar renovou máximas
históricas intraday a R$ 4,52.

Outra discussão em cima da decisão do Fed é sobre os caminhos que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central brasileiro seguirá. Com decisão de política monetária no mesmo dia em que o Fed, as apostas de que haverá ajuste monetário se divergem.

Para a economista-chefe de uma corretora local, a porta fica aberta para mais um corte. Enquanto o economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz, há possibilidade de o Copom seguir o Fed e cortar em 0,25 pp e até mesmo em 0,50 pp. Já o sócio-analista da Eleven, Raphael Figueredo, avalia que taxa Selic “deveria ficar onde está”, no qual está “mais do que comprovado” que
a redução não promove crescimento econômico no Brasil.

“Não chega para quem realmente precisa trabalhar com juros baixos. Ao menos, a taxa básica ficando onde está, reduziria a pressão sobre o real agora com o juro dos Estados Unidos menor”, comenta.