Economia

Dólar vai a R$ 4,10 com mercado testando novo nível da moeda

O mercado financeiro repercute o aumento da tensão entre Estados Unidos e China e o cenário político do Brasil, que indica dificuldade em aprovar as reformas

dólar
Foto: Pixabay

O dólar renovou máximas em relação ao real e ultrapassou a faixa de R$ 4,10, em meio à busca por proteção, diante da crise política no Brasil e da escalada da tensão comercial entre Estados Unidos e China. Os investidores estão testando novos níveis para a cotação do câmbio, ao mesmo tempo em que tentam atrair a atenção do Banco Central para intervir nos negócios.

Às 14h, o dólar à vista subia 1,51%, cotado a R$ 4,099, colado à cotação máxima do dia, a R$ 4,1040, com alta de 1,63%. A moeda norte-americana ainda não foi negociada em baixa hoje. No mercado futuro, o contrato do dólar para junho tinha alta de 1,17%, a R$ 4,102.  

Segundo o analista de câmbio da Correparti Corretora, Jefferson Rugik, os investidores estão se protegendo no dólar diante da ‘falta de habilidade do governo Bolsonaro em enfrentar as recentes crises políticas’, o que eleva o temor de uma reforma da Previdência ‘menos potente e mais demorada’.

Para ele, ao bater os níveis de R$ 4,10, o mercado tenta trazer o Banco Central (BC) para o jogo. “A pergunta que se faz é, será que o dólar no curto prazo estaria mudando para um novo patamar, entre R$ 3,95 e R$ 4,10?”, indaga, acrescentando que ainda é muito cedo para afirmar esta mudança. “Mas que [o dólar] está dando sinais [disso], está”, conclui.   

De acordo com um chefe da mesa de derivativos de uma corretora estrangeira, ainda é muito cedo para afirmar um novo intervalo para o dólar. “O que está sendo sinalizado é uma reprecificação”, observa, citando a questão política interna. Ele não descarta, porém, a possibilidade de alguma intervenção por parte do Banco Central para a semana que vem.

Já o economista-chefe da Necton Corretora, André Perfeito, lembra que, além de ruídos envolvendo o governo e sua capacidade de articular a reforma, o dólar também reflete a pressão do mercado para que o Banco Central volte a cortar a taxa básica de juros, diante da fragilidade da atividade. “Há de se considerar também a perspectiva de corte na Selic, que faz o diferencial de juros cair”, diz.

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