Segundo o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Elton Weber, isso não aconteceu.
? Queremos uma explicação sobre o não pagamento e precisamos que a empresa, de fato, pague e nos mostre com quais recursos serão quitados os débitos ? disse Weber, ressaltando que os atrasos estão em mais de 120 dias.
Segundo ele, diante da falta de pagamentos, será solicitada uma reunião com a empresa na próxima quarta, dia 27, em busca de solução.
A comissão de integrados da Fetag, a direção da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS), prefeitos da região e alguns produtores integrados de aves e suínos da empresa se reuniram nesta quinta, dia 21, na Fetag e decidiram que a partir desta sexta, dia 22, haverá orientação para que os integrados não façam mais o alojamento de animais e que ingressem na Justiça para cobrança dos débitos, além de prováveis mobilizações.
? Essas serão as formas de pressão, caso haja negativa da Doux Frangosul, no encontro da semana que vem, em relação aos pagamentos ? completa.
A empresa, por meio de comunicado, afirmou que foi necessário redefinir algumas datas com os produtores. “O pagamento diário continua a ser realizado e a empresa ratifica o acordo firmado com os produtores para a redução progressiva da dívida até final de agosto, o que corresponderia à redução dos débitos em mais de 50%”, diz a empresa, no documento.
Crise
Cerca de 600 de 1,3 mil funcionários da empresa na unidade de Passo Fundo (RS) estão em greve desde terça, dia 20, para reajustes salariais. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Passo Fundo, os trabalhadores pedem um reajuste de 16,1% no piso salarial de R$ 650 e 8,5% para valores acima deste.
Entretanto, a Doux informou, também por meio de comunicado, que a proposta de dissídio apresentada foi de reajuste de 10,77% para o piso e de 8% para os funcionários que recebem entre o piso e o valor de R$ 2.289 por mês. Ainda na proposta, a Doux ofereceu reajuste salarial de 6,3% para quem recebe acima de R$ 2.289, além de aumento do auxílio escolar de 8,45% e do Programa de Participação nos Resultados (PPR) mínimo de 9,09%.
“A companhia informa que todas as iniciativas propostas cobrem o INPC apurado no período, que foi de 6,3% e representam ganhos significativos aos seus colaboradores”.
Segundo a empresa, os porcentuais de reajustes salariais ainda estão em negociação com as entidades sindicais e, mesmo com a greve, a fábrica de Passo Fundo opera normalmente.
A Doux Frangosul, com dez unidades no Brasil, tem enfrentado problemas no país, com atrasos no pagamento de fornecedores desde o início de 2008, em consequência da crise econômica mundial. Em junho do ano passado, e empresa vendeu seus ativos de peru à Marfrig Alimentos por R$ 65 milhões. A operação, com capacidade de abate de 30 mil aves por dia, representava 6% do abate total da empresa no Brasil.