O tamanho do calado – diferença entre a linha d’água e a quilha do navio – no trecho quatro do Porto de Santos atrapalha as operações da BTP e impede que o terminal opere na sua capacidade plena, pois fica impossibilitada de receber navios com maior volume de carga. Por isso a empresa e o terminal concorrente EcoPorto, que também se encontra no trecho 4, resolveram bancar por conta própria a dragagem que é de responsabilidade do poder público, mas que não conseguiria resolver o problema em um prazo considerado aceitável.
Segundo Robinson, as duas empresas juntas já gastaram R$ 6 milhões na dragagem do canal do porto.
– É prioridade total completar essa obra para atingir uma isonomia competitiva com os demais terminais no porto – disse o executivo.
Robinson explicou que os trabalhos encontram dificuldades por conta do material rochoso encontrado no solo do canal.
– Se não tivermos mais empecilhos até o início de junho a dragagem termina – disse.
A dragagem foi alvo de crítica de Robinson durante sua apresentação no evento. O governo havia realizado uma licitação para aumentar a profundidade no canal do Porto de Santos para 15 metros. O contrato, no entanto, venceu no final do ano passado sem que essa medida fosse atingida.
De acordo com Robinson, quando o governo fez o anúncio de que a profundidade seria aumentada para 15 metros, ele provocou uma mudança nos planos das companhias que realizam a logística portuária do País. As empresas armadoras e os terminais portuários investiram e se prepararam para operar navios maiores, o que proporciona ganhos de escala para as companhias.
– Afetou a logística mundial, mas o governo não cumpriu o programado – disse.
Para a segunda etapa do Plano Nacional de Dragagem (PND2), o presidente da BTP exige que seja feito um bom projeto e execução dos trabalhos de forma mais eficiente para que a distorção entre as áreas do porto não aconteça novamente no futuro. Ontem a Secretaria de Portos (SEP) divulgou o edital para a realização da dragagem no canal do Porto de Santos, cujas propostas de interessados serão entregues no dia 11 de junho.
– Vamos acompanhar essa licitação e queremos ter certeza de que houve aprendizado por parte do poder público em relação ao último contrato de dragagem – diz.
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Santos
Usina em Minas Gerais
A Justiça Federal de Minas Gerais proibiu Furnas de liberar o reservatório da Usina Mascarenhas de Moraes, localizada entre Ibiraci e Delfinópolis, ambas no Sul do Estado. O Operador Nacional do Sistema (ONS) determinou neste mês que a água da usina, a única no Sudeste do País com nível razoável (74,9% da capacidade), seja liberada para outras hidrelétricas visando garantir a produção de energia, principalmente, durante a Copa do Mundo de Futebol.
O problema é que essa redução prejudicaria vários municípios no entorno da represa, que baixaria 13 metros afetando diretamente a agricultura, o turismo, a piscicultura e outras atividades. Diante disso, as prefeituras de Delfinópolis, Passos e São João Batista do Glória, todas em Minas, conseguiram na Justiça uma liminar que suspende a determinação.
Na região da Usina Mascarenhas de Moraes, conhecida também como “Usina de Peixoto”, moradores garantem que a água já começou a diminuir e a represa estaria 3 metros mais baixa. A medida judicial não é a única ação contra a redução do reservatório. Protestos têm sido realizados e o assunto deverá ser tratado na Câmara Federal em Brasília.
Em Delfinópolis, durante a audiência desta semana, o gerente de administração de Furnas Centrais Elétricas, Marcos Alves Morais, reiterou esta informação, alegando que a represa compõe o sistema elétrico nacional, que é todo gerenciado pelo ONS.
– Em função da pior seca que o País está vivendo nos últimos 50 anos, o ONS tem buscado diferentes medidas de gerenciamento dos recursos hídricos. O uso dessa água não é uma ação isolada. Vários outros reservatórios estão em processo de depressionamento (redução do nível) – justificou.
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