E a onda de roubos a fazendas continua . . .

Depois de diversos casos em Goiás, os sojicultores baianos também relatam prejuízos e medo causados por assaltos

Sebastião Garcia, de Formoso do Rio Preto (BA)
Alguns assuntos ganharam destaque nas manchetes dos jornais nesta safra 2016/2017, como o clima, os custos de produção e até mesmo as doenças e pragas. Mas, nenhuma está trazendo tantos prejuízos quanto o aumento dos assaltos a propriedades rurais. Depois de casos seguidos em Goiás, sojicultores do oeste da Bahia também relatam perdas milionárias com roubos a suas fazendas.

Na propriedade do casal Takarashi, localizada no município de Formoso do Rio Preto (BA), a soja da safra 2016/2017 está na fase de enchimento de grãos, apesar da tranquilidade aparente, funcionários e integrantes da família ainda tem na cabeça o dia de terror que enfrentaram.

Abertura Nacional da Colheita de Soja 2016/2017
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No dia do ocorrido o proprietário da fazenda, Carlos Takarashi havia saído com o objetivo de comprar uma peça para fazer a manutenção de sua colheitadeira. Já no caminho de volta, ele foi abordado por dois homens que diziam ser policiais, mas logo o agricultor percebeu que na verdade se tratava de ladrões, que o levaram até a sua propriedade. Por lá, outro grupo já havia rendido todos os trabalhadores e a família, um total de nove pessoas. Amarrados e sob a mira de armas de fogo, os nove reféns ficaram rendidos por pelo menos oito horas em uma pequena salinha, enquanto o bando roubava tudo.

“Estávamos suando, com muito medo e não sabíamos o que iria acontecer com nossas vidas naquele momento”, relembra a esposa Adarlene Takahashi. “Achei que não voltaria para casa. Que não veria mais meus filhos.”
Os assaltantes levaram duas mil sacas de soja, ferramentas e objetos pessoais como telefones e relógios. Um prejuízo de no mínimo R$ 150 mil. “Fomos dominados por cinco bandidos, além de outros três, que eram os motoristas, que guiavam caminhões bitrem. Eles carregaram os veículos com nossa soja, fato que durou 4 ou 5 horas para depois partirem”, diz Carlos.

Mas, os bandidos não foram embora sozinhos, carregaram consigo os nove reféns, deixados a aproximadamente 150 quilômetros da propriedade. A pé, assustados e sem saber extamente onde estavam, caminharam por 6 quilômetros até encontrarem ajuda.

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Passado o susto, Carlos resolveu que era hora de mudar algumas coisas na fazenda. Instalou câmeras de segurança, cercou a sede, treinou o pessoal e limitou as entradas. Junto a outros produtores e com apoio da Polícia Militar foi criado também um grupo de mensagens no celular, a exemplo do que já acontece em outros estados, como Goiás.

Para ajudar na tarefa de aumentar a segurança na zona rural, foi criada pela Polícia Militar juntamente com a Associação de Produtores e Irrigantes da Bahia (Aiba) a “Operação Safra”, que ocorre todo o ano, durante seis meses e meio, a partir de outubro, com a cobertura de uma área de 2,5 milhões hectares.

Esse é o terceiro ano da operação no oeste da Bahia. “Diante de uma denúncia, identificamos de imediato qual o setor, verificamos a veracidade da informação e a partir daí o policiamento se desloca e fazem um cerco”, explica Coronel Paulo Salomão, comandante do policiamento região oeste da Bahia.

A operação prevê agora rondas diárias nas propriedades, incluindo o uso de helicópteros, que terão uma estrutura montada junto ao aeroporto de Barreiras (BA), nomeada Grupamento Aéreas da Policia Militar da Bahia (Graer). A obra está sendo construída com recursos do Programa de Desenvolvimento do Agronegócio (Prodeagro). “Esta estrutura dá apoio a operação, para que a PM consiga mais rapidamente chegar aos casos que a gente tem abordados”, diz Rosi Cerrato, assessora da presidência Aiba.

Até hoje, a operação conseguiu recuperar sete cargas, que juntas somam mais de R$ 10 milhões. Carlos não conseguiu recuperar nada do que perdeu no assalto. Mas, explica por que resolveu contar sua história. “O que tem que ser dito e esclarecido para toda a sociedade, é que o segmento não são só coisas boas, tem muita dificuldade. O poder publico precisa estar interado a estes fatos e nos ajudar”, finaliza o produtor.

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