Agronegócio

'É preciso tornar o etanol mais competitivo', comenta Silveira sobre MP

A reinvindicação dos produtores de cana, principalmente do Nordeste, tem como objetivo dar mais competitividade ao álcool

Após dois anos de discussão, o presidente Jair Bolsonaro assinou a medida provisória que tira a obrigatoriedade do etanol hidratado passar pelas distribuidoras antes de ir para os postos. A reinvindicação dos produtores de cana, principalmente do Nordeste, tem como objetivo dar mais competitividade ao etanol, já que o combustível também ficaria mais barato nas bombas.

Quem explica as vantagens da MP para o setor agropecuário é Glauber Silveira:

“Eu acho fantástica a medida do governo. As usinas do Nordeste pediram isso — onde você tem a produção de cana, mas nos postos de gasolina os preços chegam a ser iguais aos do álcool. Em Brasília também, a gasolina está R$ 6, o etanol está R$ 5,8”, observa o comentarista.

“Em municípios do Mato Grosso do Sul, por exemplo, você tem postos ao lado das usinas, mas a distribuidora está em Cuiabá, então tem que levar o combustível para as distribuidoras antes de abastecer os postos. Esses absurdos que precisam ser rompidos”, acrescenta.

“Existe um cartel na distribuição de combustíveis. O presidente Bolsonaro ficou esperando dois anos a tramitação no Congresso, mas simplesmente não deu. Então ele decidiu colocar uma medida provisória. Então, esperamos agora que haja um empenho e tudo se resolva”, afirma Silveira.

“A grande novidade é a ‘bomba branca’. Muita vezes, o posto de combustível tem uma bandeira da distribuidoras e é obrigado a comprar o combustível dessa bandeira. Com a medida provisória, não se é mais obrigado a fazer isso. Claro que a pressão das distribuidoras vai ser grande e são poucas empresas, num monopólio que hoje detêm essa distribuição”, conta o especialista.

“Nos EUA, há postos que vendem só etanol. Isso porque o etanol de milho é muito forte no mercado americano — produzem mais etanol de milho do que a soma de álcool de cana e milho no Brasil”, compara.

“Outro ponto é desvincular os preços do etanol da gasolina, como é feito hoje (o preço da gasolina sobe, o etanol também fica mais caro). É preciso tornar o etanol mais competitivo e fazer com que as pessoas abasteçam mais com etanol, pra ajudar o meio ambiente também — já que está se falando tanto em mudanças climáticas”, conclui Silveira.