De janeiro a março, o país cresceu 9,85% sobre o mesmo período do ano passado, segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (BC). Em relação ao quarto trimestre de 2009, a expansão da economia foi de 2,38%.
O resultado oficial do Produto Interno Bruto (PIB), que será divulgado no dia 8 de junho, é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mesmo que não confirme a projeção do BC, a expectativa do mercado é de um resultado histórico.
? Nossas projeções são até superiores às do Banco Central. Acreditamos que o país tenha crescido 10,8% no primeiro trimestre em relação a 2009 ? avaliza o economista-chefe do Citibank, Marcelo Kfoury.
Kfoury diz que o desempenho não deve se manter no segundo trimestre do ano, embora a tendência de avanço do PIB permaneça. Para ele, o Brasil deve avançar 7,6% em 2010, o maior crescimento da economia em relação ao ano anterior desde 1983.
? É um desempenho que preocupa, pois se não há oferta de mão de obra nem investimentos para sustentar a alta, o resultado é inflação ? disse.
Para o ex-presidente do BC e sócio da Tendências Consultoria, Gustavo Loyola, a principal medida para o governo conter o crescimento seria a retomada do superávit primário à proporção 3,5% do PIB.
Loyola descarta que nos próximos trimestres a economia cresça na mesma intensidade. Isso porque, lembrou o economista, a base de comparação de 2009 foi muito baixa, em virtude da crise. Na avaliação do ex-presidente do BC, a economia brasileira deverá crescer 6,5% em 2010.
Em Madri, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu que o crescimento do primeiro trimestre foi alto demais em razão do juro baixo e dos incentivos fiscais, como IPI reduzido.
Para frear a economia, há três semanas o BC elevou a taxa básica de juro para 9,50% ao ano como forma de conter a alta do consumo. Na semana passada, o governo anunciou corte de R$ 10 bilhões no orçamento de 2010.
O diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Vasconcelos, disse que o índice produzido pela instituição está muito próximo dos dados medidos pelo IBGE para o PIB. O diretor classificou como “bastante positivo” o começo do ano, mas advertiu que o BC não fará nenhuma revisão de suas projeções econômicas para 2010.