Economista acredita que Banco Central reforçará combate à inflação

Para Sérgio Vale, da MB Associados, juros podem subir 0,75 ponto porcentual na próxima reunião do CopomO Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) pode acrescentar mais 0,75 ponto porcentual à taxa básica de juros da economia, a Selic, atualmente em 12,25% ao ano. A avaliação é do economista Sérgio Vale, da MB Associados, que concedeu entrevista ao Agribusiness Online, nesta sexta-feira, dia 27.

Caso se confirme na próxima reunião do Copom, o aumento seria um reforço na política de combate à inflação. Na reunião anterior, a taxa subiu 0,5 correspondendo às expectativas do mercado, embora houvesse analistas que apostassem em ação mais forte.

Segundo Sérgio Vale, o Banco Central está sozinho na batalha pelo controle da inflação e com a expectativa de aumento ainda maior dos índices de preços, terá de agir com mais firmeza. O mecanismo é o aumento da taxa de juros, assim como em outros países do mundo.

– Os bancos centrais do mundo inteiro vão combater a inflação com política monetária. Todos estão aumentando juros, vão continuar aumentando juros – disse Vale.

No caso do Brasil, ele descarta a possibilidade do Banco Central adotar medidas que classifica como heterodoxas, como restrições no volume de crédito, principal responsável pelo aumento da demanda  do consumo no país.

– Se houvesse algum meio que desacelerasse o crédito, de fato, poderia ajudar a conter a demanda mais rapidamente. De qualquer forma, o aumento de juros tem um papel de conter essa expectativa de aumento de crédito.

Contas negativas

Para os próximos anos, o economista Sérgio Vale projetou um cenário de déficit nas despesas correntes e até mesmo na balança comercial negativa. Disse que a situação é semelhante à vivida durante a década de 90, mas um pouco menos preocupante.

– Diferente daquela época, a gente consegue, de certa forma, financiar esse déficit. É menos preocupante, mas, obviamente, uma virada tão grande em relação ao superávit que a gente tinha há dois anos, de US$ 14 bilhões, para um déficit de US$ 30 bilhões não é pouca coisa.

Sobre o dólar, Vale afirmou que deve manter a desvalorização durante o segundo semestre. Explicou que os Estados Unidos têm forte déficit na balança comercial, principalmente com o petróleo, cujas cotações estão acima de  US$ 140 por barril. A trajetória poderia ser revertida, caso o Federal Reserve (Banco Central americano) aumentasse a taxa de juros do país, atualmente em 2%.