Caso se confirme na próxima reunião do Copom, o aumento seria um reforço na política de combate à inflação. Na reunião anterior, a taxa subiu 0,5 correspondendo às expectativas do mercado, embora houvesse analistas que apostassem em ação mais forte.
Segundo Sérgio Vale, o Banco Central está sozinho na batalha pelo controle da inflação e com a expectativa de aumento ainda maior dos índices de preços, terá de agir com mais firmeza. O mecanismo é o aumento da taxa de juros, assim como em outros países do mundo.
– Os bancos centrais do mundo inteiro vão combater a inflação com política monetária. Todos estão aumentando juros, vão continuar aumentando juros – disse Vale.
No caso do Brasil, ele descarta a possibilidade do Banco Central adotar medidas que classifica como heterodoxas, como restrições no volume de crédito, principal responsável pelo aumento da demanda do consumo no país.
– Se houvesse algum meio que desacelerasse o crédito, de fato, poderia ajudar a conter a demanda mais rapidamente. De qualquer forma, o aumento de juros tem um papel de conter essa expectativa de aumento de crédito.
Contas negativas
Para os próximos anos, o economista Sérgio Vale projetou um cenário de déficit nas despesas correntes e até mesmo na balança comercial negativa. Disse que a situação é semelhante à vivida durante a década de 90, mas um pouco menos preocupante.
– Diferente daquela época, a gente consegue, de certa forma, financiar esse déficit. É menos preocupante, mas, obviamente, uma virada tão grande em relação ao superávit que a gente tinha há dois anos, de US$ 14 bilhões, para um déficit de US$ 30 bilhões não é pouca coisa.
Sobre o dólar, Vale afirmou que deve manter a desvalorização durante o segundo semestre. Explicou que os Estados Unidos têm forte déficit na balança comercial, principalmente com o petróleo, cujas cotações estão acima de US$ 140 por barril. A trajetória poderia ser revertida, caso o Federal Reserve (Banco Central americano) aumentasse a taxa de juros do país, atualmente em 2%.