Segundo o economista, além da inadimplência, o setor agrícola enfrenta o problema da queda nos preços. Em março, por exemplo, ele disse que o preço da soja caiu 8%. E a expectativa de queda do preço do produto agrícola neste ano é de 10%.
Ao citar dados do Banco Central, Afonso chamou atenção para a queda da exportação de produtos agrícolas, também responsável, a seu ver, pela diminuição dos preços. Em alguns casos, disse, a queda na exportação já chega a quase 30%: a soja caiu 27%; a carne, 22%; e a exportação do fumo, 10%.
Crédito
Afonso defendeu o fortalecimento das fontes estatais de crédito com parcerias com as instituições privadas.
? Temos bancos privados sólidos que não estão dando crédito ? disse o economista, sustentando que o país precisa é de crédito para produção.
Segundo ele, o Brasil oferece pouco crédito, apesar de ter um sistema bancário “extremamente” sólido.
? No Chile, a participação do crédito é muito maior do que a nossa ? comparou.
O economista do BNDES disse que o crédito não caiu no Brasil, apenas deslocou-se das pequenas para as grandes empresas. Segundo ele, as operações de crédito acima de R$ 100 mil foram as que mais cresceram de setembro do ano passado para cá. Ele considera importante o esforço do governo para aumentar o crédito, mas condena as atuais taxas de juro, que, a seu ver, deveriam ser bem menores.
Afonso disse ainda ser consenso entre os economistas a expansão dos gastos públicos com estratégias de sustentabilidade da economia. Acontece que, criticou, os gastos públicos no Brasil não contam para estimular a economia, pois são gastos com despesas de pessoal e com a Previdência. Ele sugeriu a criação de comitê da crise e a harmonização dos discursos e das medidas.
A comissão especial da agricultura é uma das cinco criadas pela Câmara para propor ações para reduzir o impacto da crise financeira mundial no País. A comissão é presidida pelo deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES) e o relator é o deputado Abelardo Lupion (DEM-PR).