Economistas divergem sobre entrada de capital no Brasil

Bolsa de São Paulo acumulou ganhos de mais de 80% entre janeiro e novembro de 2009Com o status de bom pagador de dívidas reconhecido pelas mais importantes agências de classificação de riscos, a posição de destaque do Brasil depois do pior da crise financeira mundial parece óbvia. O argumento ganha ainda mais consistência levado em conta o desempenho da Bolsa de São Paulo, que acumulou ganhos de mais de 80% entre janeiro e novembro de 2009. Porém, as conclusões daqueles que acompanham os mercados não são unânimes.

De um lado estão aqueles que classificam o país como o grande “imã” de investimentos entre os emergentes, mais promissor, até mesmo, do que a China.

? O Brasil é um país com um nível de governança corporativa, de transparência, muito maior [do que a China]. Por isso tem inúmeras vantagens ? diz Bruno Lembi, economista da M2 Investimentos, destacando a estabilidade do ambiente de negócios brasileiro.

As duas potências encabeçam a lista dos juros reais mais altos do mundo, mas o Brasil ganha a dianteira na preferência do investidor estrangeiro “mesmo quando existe a taxação de investimentos”, segundo Jason Vieira, economista-chefe da Uptrend Consultoria Econômica.

? O Brasil tem regulações de mercado e empresas que dão respaldo para que esses recursos continuem entrando ? conclui, citando como exemplo a mineradora Vale e a Petrobrás.

Na opinião dos mais cautelosos, que não acreditam em “marolinha” e observam com desconfiança o atual cenário, o Brasil ainda precisa de estímulos à entrada de capital produtivo, que gera riquezas e oportunidades de trabalho (ao contrário do especulativo). Roberto Luis Troster, da Integral Trust, diz que esse investimento, quando vem de fora, encontra muita burocracia ao entrar no país.

? Recursos de longo prazo, a China recebe mais do que o Brasil ? rebate Troster.