Desde a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, o dólar tem operado em forte alta. A situação faz com que o mercado brasileiro comece a se preparar para um período de mais instabilidade. Assim, de acordo com especialistas, é preciso que o produtor rural tenha cuidado nas negociações e se proteja diante dos riscos de oscilação do câmbio.
“A desvalorização do real estimula a exportação do produto brasileiro, embora, é lógico, aumente o custo de produção. Há vários componentes importados na cadeia produtiva do agro, mas não resta dúvida de que a desvalorização do real estimula a exportação e fortalece o agronegócio. Nós trabalhamos com um cenário de R$ 3,50 a R$ 3,60 de taxa de câmbio nos próximos meses, mas é importante dizer que estamos sujeitos a uma intensa volatilidade nos próximos meses”, alerta o sócio-diretor da Macrosector, Fábio Silveira.
“Quanto mais se puder adiar a decisão, melhor, porque está aberto o cenário de 2017. Uma decisão que se tome hoje tem 50% de chance de dar certo. Obviamente ficou muito mais arriscado”, comenta.
Já o analista de mercado Silvio Campos Nata acredita que os investidores tendem a correr para ativos denominados em dólar, em um primeiro momento. “Não só dólar, mas também outras moedas que são vistas como de valor. Títulos de países avançados, ouro, moedas como o franco suíço, como o próprio dólar, são o refúgio de investidores em momentos de grande incerteza”, diz Silveira.
A incerteza nos mercados é um reflexo claro da eleição e deve se estender até a posse do novo governo americano, no dia 20 de janeiro de 2017. A principal aposta do sistema financeiro é na opção por uma política fiscal mais expansionista, o que deve deixar o câmbio mais estável, mas ainda acima de R$ 3.
“Imaginamos que vamos ter o dólar rodando em um intervalo de R$ 3,30 a R$ 3,60, um intervalo bastante longo pela incerteza. Mas ainda seria algo razoável para esse novo cenário, onde temos uma expectativa de um mundo um pouco menos líquido, com mais incertezas, e aqui no Brasil um cenário de recuperação ainda bastante lento”, afirma Campos.