O Japão é o maior importador mundial de milho, cerca de 90% do que importa vem dos Estados Unidos. A expectativa de um crescimento menor na economia japonesa e uma eventual queda no consumo fez os preços de produtos como o milho despencar no início da semana. Porém, desde a última quarta, dia 16, as cotações voltaram a subir.
No Brasil, o setor acredita que a exportação de alimentos pode até aumentar até o fim do ano. Sebastião Gulla, representante da Câmara Setorial do Milho, não acredita em redução do mercado, mesmo que os preços, logo após a tragédia, tenham apresentado queda.
? Esta tendência é de curto prazo, porque se deixar de comprar matéria-prima, vão comprar produto acabado, processado, vai precisar da matéria-prima em outro lugar do mundo. Nós logicamente fazemos parte de um mercado global e neste momento nós ainda não estamos sentindo nenhuma alteração no mercado interno em função desta situação do Japão porque nós estamos no período de colheita da safra voltada para soja. A oferta está bastante ajustada, não teve uma reação negativa nos preços do milho. Portanto, os preços devem seguir a tendência do início do ano com leves variações ? afirma.
O operador de mercado Reginaldo Oliveira concorda com a previsão mais otimista. Para ele a mobilização mundial de ajuda ao Japão, vai contribuir para que o mercado do milho continue aquecido, sem queda nos preços.
? A cotação do milho tende a recuar, mas não acredito em queda no preço do milho e mesmo porque temos o mercado do milho muito aquecido devido às grandes empresas de avicultura e suinocultura, e isto demanda muito milho. O mercado está aquecido, o mercado está forte, nós estamos em plena safra, e deve continuar assim até o fim do ano então não vejo um cenário de catástrofe, mas um cenário que vamos ter um canal de exportação forte e também um preço interno muito forte no caso do milho e outros grãos correlacionados ? relata.
Porém, nem todas as opiniões vão no mesmo sentindo. Para alguns analistas de mercado, haverá sim um encolhimento da economia japonesa. O país vai comprar menos milho dos Estados Unidos, o que provocaria uma baixa nos preços, afetando diretamente o Brasil.
A opinião é do analista da RC Consultores, Fábio Silveira. Segundo ele, a previsão está relacionada com a energia nuclear, que representa 30% da necessidade dos japoneses, e que agora será reduzida. Com menos energia a produção e o potencial de compra do Japão devem diminuir.
? O cenário que se desenha para os próximos meses é de uma queda nos preços das commodities em geral, exceto petróleo em função da desaceleração da economia japonesa com reflexos sobre a macroeconomia, do crescimento do PIB global. Portanto com a economia mundial crescendo menos em função da desaceleração do crescimento japonês, logo se terá uma renda internacional crescendo menos e os preços das commodities não deverão resistir a esta mudança de cenário e deverão ceder ao longo dos próximos meses ? reforça Silveira.