Possobon lembra que na primeira vez que foi chamado para ser mesário, em 2004, não ficou contente. Mas depois que conheceu como funcionava o trabalho, acabou se adaptando e gostando.
? Na primeira vez eu não gostei de ser chamado. Porém, depois deste primeiro dia, achei interessante. Além de não ser nada trabalhoso, é um dia diferente na rotina. É até divertido ? confessou o publicitário.
? Depois da primeira vez, tem a possibilidade de pedir pra não ser mais mesário, mas eu digo sempre que tudo bem eu trabalhar na próxima ? completou.
Sommer foi mais além. Na eleição passada, em 2008, para prefeitos e vereadores, ele se inscreveu para ser mesário e, agora em outubro de 2010, terá sua segunda oportunidade de trabalhar nas eleições.
? Como na primeira optei voluntariamente, nessa segunda a indicação já foi automática. Me inscrevi porque acho legal a participação em eventos de apelo nacional, onde temos uma movimentação de todos em função de um objetivo. E como, via de regra, ficamos “impossibilitados” de viajar e/ou aproveitar todo o dia, uma vez que temos de participar votando junto às seções eleitorais, por que não participar ajudando também? ? argumentou.
De acordo com a Justiça, quem trabalha como mesário tem direito a dois dias de folga no trabalho para cada dia envolvido no pleito. Possobon não tira vantagem disso, pois prefere seguir trabalhando na agência de publicidade. Sommer segue a mesma linha de pensamento, não dando tanta importância às folgas.
? Uma razão interessante a se acrescentar é a possibilidade de rever antigos conhecidos/amigos do bairro/região de votação, que em função do dia a dia atribulado de cada um, acabamos ficando cada vez mais distanciados. E, claro, a possibilidade de poder usufruir de um período de folgas ajudam a manter a decisão, mas não é a fundamental ? disse Sommer.
? Na seção, a atividade é tranquila, e quando alivia o movimento é possível até descontrair com os companheiros de mesa, que acabam se tornando amigos. Fazemos um rápido intervalo de almoço em horários revezados. Alguém sempre leva uma térmica de café. É possível fazer amizades sim. Na minha seção são as mesmas pessoas desde que comecei e conversamos bastante durante o dia, quando baixa o movimento de eleitores ? completou Possobon .
Possobon nunca presenciou situações complicadas em sua seção, apenas teve que resolver problemas mais fáceis de serem solucionados.
? Algumas vezes acontece de a pessoa não ter documentos e insistir para votar. Mas pedimos que retornem com o necessário e acaba se resolvendo. Situações engraçadas eu não lembro de nada específico também. Apenas uma ou outra piadinha de pessoas criticando candidatos de outros partidos, ou algo assim ? disse.
Por sua vez, Silton cita cenas que costuma presenciar em sua seção, principalmente nos primeiros horários de votação, logo pela manhã de domingo.
? Situações engraçadas como pessoas que vêm direto de balada da noite anterior, inclusive com roupas de festa ? comentou ele, que também lembrou de situações sociais das quais já teve que participar.
? Como minha seção está localizada no segundo andar de uma escola estadual, ocorrem situações diferentes, como conduzir eleitores cadeirantes via escadaria de maneira a que não deixem de exercer seu direito de votação ? destacou.
Para estas eleições de outubro, para presidente, governador, senador e deputados federais, estaduais ou distritais, o TRE convocou 105 mil mesários no Estado, sendo 12 mil em Porto Alegre. Em cada seção de votação são necessários quatro mesários.