Em Coromandel, Minas Gerais, o café ainda comanda economicamente algumas fazendas, mas o clima tem atrapalhado e os resultados já não são como antes. Com isso, a soja está se tornando uma opção bastante interessante e rentável por lá.
Alguns produtores já perceberam isso e estão buscando propriedades na região com cafezais envelhecidos, mas a ideia não é renová-los, mas sim substituir por soja.
“A gente optou por não diversificar, ao contrário, uma ou outra propriedade neste tempo em que estamos aqui que foi adquirida que era café, a gente erradicou e continuou na soja”, diz Geraldo Emanuel Prizon.
Já na fazenda da família Dadonna, também em Coromandel, a iniciativa de plantar soja no lugar dos cafezais improdutivos é resultado de uma sucessão familiar bem feita. Os dois filhos do produtor Luis Dadonna, estudaram agronomia. O plantio da oleaginosa por lá melhorou a renda e o giro de caixa.
O filho trouxe dos estudos a experiência com a soja e a filha se dedicou ao café. De coadjuvante, a soja passou a protagonista e, agora, ocupa uma área três vezes maior do que o café. Isso justamente porque a oleaginosa é bem mais rentável que o café.
Enquanto o custo por hectare do café gira em torno de R$ 12,5 mil (por ser 100% irrigado), o gasto por hectare de soja sai em torno de R$ 3,4 mil (contando com o arrendamento). Se considerar o preço da saca do café a R$ 450 , multiplicado pela produtividade média de 30 sacas por hectare, o total arrecadado seria de R$ 13,5. Ou seja, lucro de R$ 1 mil por hectare. Na soja, o custo por hectare é de R$ 45 sacas e o produtor colhe, em média, 63 sacas. Sobram 18 sacas, a um preço hipotético de R$ 75, vão resultar em R$ 1,350 de lucro.
“Foi mais fácil a gente expandir na soja, milho e sorgo, do que a gente abrir a área para plantar café novamente. Até porque a rentabilidade da soja aqui é melhor”, afirma o engenheiro agrônomo da fazenda, David Dadonna.
“A soja está com preço e produtividade bons. Já o café, temos muitas plantas velhas que já não são tão produtivas”, diz Mônica Dadonna.
Segundo o pesquisador da Embrapa, Amélio Dall’Agnol, com a soja, outra vantagem é que dinheiro circula mais rapidamente, enquanto no café, nem tanto.
“Você tem realmente que fazer um investimento fixo, que é pesado no café, seja na irrigação, na adubação ou na calagem. Só que você colhe durante muito tempo. Enquanto na soja se faz um investimento mais barato por 6 meses”, afirma.
Melhor mesmo é diversificar a produção, garante o pai de Mônica e David. “Uai, é bom demais ter sucessão. eu acho que infeliz é o produtor que não tem sucessão. Eu, graças a Deus, sou privilegiado porque tenho dois sucessores nota 10”, diz Luis Dadonna.