Os presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump devem indicar após encontro na Casa Branca programado para o próximo dia 18 que os dois países irão trilhar um caminho na direção do livre-comércio. Isso não significa que os países vão começar a desenhar, agora, negociações de um acordo de livre-comércio.
A ideia é avançar em acordos setoriais de facilitação de comércio em pontos em que não haja limitação pelas regras internacionais e nem pelo Mercado Comum do Sul (Mercosul). Negociadores brasileiros explicam que na visita deste mês, o objetivo é anunciar o que é possível no curto prazo. O trabalho por um “livre comércio” ficará como horizonte a ser perseguido.
De acordo com fontes que participam das tratativas para a visita, a declaração conjunta dos dois presidentes vai ter três pilares: a consagração dos valores comuns, o anúncio de medidas concretas – como o acordo de salvaguardas tecnológicas – e a indicação de um caminho a ser perseguido na relação Brasil-EUA, em que entra a busca pelo livre-comércio.
A eventual negociação de um acordo de livre-comércio – com eliminação de tarifas – com EUA esbarra no Mercosul. Para avançar, o Brasil precisaria negociar o acordo em bloco ou negociar uma exceção para tratar diretamente com os EUA.
“Argentina, Paraguai, Uruguai já queriam negociar acordos sozinhos. Isso é uma coisa que poderá ser revista dentro do Mercosul esse ano se quisermos negociar sozinhos com os EUA ou qualquer outro mercado”, afirmou Renata Amaral, diretora de comércio internacional da BMJ consultores.
Enquanto isso, os países trabalharam em acordos pontuais. Um deles, que deverá ser anunciado na visita, é uma facilitação para empresas que importam e exportam em larga escala e frequência. Tanto no Brasil como nos EUA, essas empresas são cadastradas para diminuir as burocracias exigidas nas operações de importação e exportação.
Nos EUA, o cadastro é chamado de “Trusted Traders” – negociadores confiáveis, em tradução livre. O acordo desenhado por Brasil e EUA visa estabelecer o reconhecimento recíproco entre os países das empresas cadastradas neste sistema. A previsão com o acordo é fazer com que o reconhecimento por um país como “empresário confiável” seja adotado também no outro, e reduza a burocracia.
Os EUA não escondem nas negociações com os brasileiros que possuem outras prioridades neste momento na negociação comercial, como a busca de um acordo com a União Europa e China, mas o Brasil aposta na conjuntura favorável nos dois governos para fazer a agenda avançar nas questões comerciais.
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