Emater de Minas Gerais deve exportar tecnologia rural para países africanos

Detalhes para a elaboração de um termo de cooperação deve ser definidos em reunião em algumas semanasO Brasil deverá começar exportar para a África dentro de alguns meses tecnologia de atendimento a pequenos produtores rurais. Na terceira semana de agosto, será realizada uma reunião em Brasília, com representantes das empresas estaduais de assistência técnica e extensão rural e todas as embaixadas africanas no Brasil. Na pauta, estarão os detalhes para a elaboração do termo de cooperação que será assinado entre o governo de Minas e o Senegal, entre outros países africanos.

A informação é do presidente da Emater-MG e da Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural, José Silva Soares, que tratou do assunto com o embaixador do Senegal, Fodé Seck.

? A Emater de Minas, por ser a primeira do Brasil, tem uma responsabilidade muito grande de compartilhar com outros Estados e até mesmo outros países, os conhecimentos que foram acumulados e apropriados ao longo das últimas seis décadas ? afirmou Soares.

? A expectativa é de que a experiência da Emater possa ser levada para os técnicos do Senegal, para ajudar na capacitação. Assim, os recursos locais poderão ser aplicados de maneira mais eficiente e eficaz na agricultura, principalmente com os pequenos produtores, para conseguirmos uma diversidade na produção e melhoria de vida em geral ? afirmou Fodé Seck, que coordena o Conselho das Embaixadas dos Países Africanos.

Conhecedor do sucesso do Brasil em matéria de agricultura e pecuária, o embaixador do Senegal já visitou empresas de assistência técnica e extensão rural em vários Estados. No último dia de julho, ele esteve na Emater-MG, atendendo a convite do presidente da empresa, José Silva Soares.

Fodé Seck foi recebido pela diretoria executiva e pelos gerentes do Departamento Técnico, Feliciano Oliveira, e da Unidade de Planejamento e Estratégia Corporativa, Gelson Soares, que fizeram uma apresentação sobre as atividades da empresa e o sistema de gestão.

O presidente da Emater-MG informou que está sendo elaborada pelos técnicos uma proposta para a implantação dos sistemas de metodologia participativa e de gestão integrada nos países africanos.

? Nós sabemos que a extensão rural para fazer sucesso em qualquer lugar do mundo precisa ter estas duas coisas: gestão eficiente e metodologia participativa. Esse sistema se diferencia do que já existe lá hoje porque a extensão rural é muito mais do que oferecer assistência técnica. Trata-se de uma educação não formal, e que é um dos grandes problemas que os países africanos têm, o problema educacional ? explicou Soares.

? O momento para essa cooperação é muito oportuno, pois o país e o mundo passam pelo problema de superar o flagelo da fome, da desigualdade, da pobreza. Então a extensão rural passa a ter um papel fundamental, para aumentar a produção de alimentos. Por meio da Asbraer, estamos articulando no sentido de que não só Minas Gerais, mas outros Estados brasileiros também estejam conosco nesta empreitada ? acrescentou o presidente da entidade.

Soares explicou que a proposta está baseada na implantação de um sistema que tenha alternância na formação dos extensionistas dos países africanos. Esses terão um período de capacitação na África, conhecendo a realidade local.

? Depois, os extensionistas devem vir para o Brasil conhecer as políticas públicas, o sistema de crédito e as metodologias adotadas. A idéia é que haja uma apropriação dos conhecimentos, com enfoque prático.

O primeito contato entre o presidente da Emater-MG e o embaixador do Senegal foi realizado em Uberaba, durante a Expozebu, em maio deste ano.

? A nossa expectativa é que até o final de 2008 já tenhamos todos os processos consolidados, inclusive com assinatura formal dessa parceria entre o governo de Minas, o Itamarati e os países africanos ? disse.