Emater projeta colheita recorde de grãos de verão no Rio Grande do Sul

Agricultores se preocupam com as dificuldades para armazenagem dos grãosOs dados finais da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS), divulgados nesta quarta, dia 20, mostram que a safra gaúcha de grãos de verão deverá chegar a 25,5 milhões de toneladas. É uma alta de 10,5% em relação ao recorde estabelecido na safra anterior.

A estimativa do governo é que o valor calculado que gire na economia do Estado com a supersafra é de R$ 13,8 bilhões. Segundo o secretário de Desenvolvimento Rural do Estado, Ivar Pavan, o avanço da tecnologia entre os produtores está possibilitando recordes consecutivos. Ele destaca também que o tempo colaborou.

? O investimento em tecnologia por parte dos agricultores e o avanço tecnológico colaboraram. E o tempo colaborou. As chuvas caíram em abundância no período que a produção mais precisou ? salienta.

O destaque fica por conta da soja, com 11,2 milhões de toneladas. O arroz deve chegar a 8,6 milhões de toneladas, segundo a Emater. Já o milho, a produção total será de 5,4 milhões de toneladas.

Armazenagem

Apesar do recorde de produtividade, os agricultores estão preocupados com as dificuldades para armazenagem dos grãos.

A família do produtor rural Claudio Spillere planta mais de mil hectares de arroz em Eldorado do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre. Eles têm três silos na propriedade, mas querem garantir o melhor preço para vender o produto. Como o mercado não está pagando bem, a saída vai ser comercializar através de AGF, a aquisição do Governo Federal, que garante pelo menos o preço mínimo de R$ 25,80.

? O preço de mercado tá muito aquém do mínimo, muito abaixo mesmo. Então, o preço mínimo, nessas alturas, se torna um bom negócio. É a vantagem pelo menos de ficar dentro de um preço que, se não rende muito, cobre pelo menos os custos de produção.

Para comercializar os grãos por AGF, é preciso deixar a produção estocada em armazéns credenciados pela Conab. Um processo que segundo os agricultores, quase sempre é demorado.

O próprio superintendente da Conab/RS reconhece a dificuldade. Segundo ele, o Estado tem uma capacidade de armazenagem de 24 milhões e meio de toneladas e dois fatores têm contribuído para a lentidão nos credenciamentos.

? Grande parte dos contratos feitos cinco anos atrás, eles estão ou vencidos ou a vencer. E por outro lado, as exigências são as mesmas. E não é muita novidade pro setor armazenador. O que houve foi o acréscimo de uma exigência que é a oferta de uma garantia real para o produto depositado que tem dificultado os armazenadores a acessarem, a buscarem, a conseguirem em apresentarem essa garantia ? afirma Carlos Farias.

Só o documento para esta garantia, feito em cartório demora um mês para ficar pronto. A Conab faz ainda uma vistoria técnica para ver se o local dispõe de todos os requisitos técnicos exigidos e determina que as operações sejam feitas apenas com pessoas jurídicas.