As lavouras, cultivadas em meio ao final da estiagem do verão, também apresentaram recuperação após a chuva dos últimos dias. Produtor em Passo Fundo (RS), Luiz Carlos Carvalho temeu pela cultura na época de plantio. A terra ainda estava ressecada devido à falta de chuva durante o verão, o que dificultou a germinação. Mas a normalização das precipitações a partir do mês de julho, aliada a temperaturas mais amenas, tem beneficiado as plantas.
– Além da terra seca, tivemos duas geadas fortes na metade do mês de junho, que atrasaram o desenvolvimento das plantas. Agora, estamos com as lavouras mais parelhas. Se o clima continuar assim, deveremos ter boa produtividade – explica o engenheiro agrônomo da Emater regional de Passo Fundo, Claudio Dóro.
O único temor dos produtores é o excesso de chuva na época da maturação, que no caso da canola ocorre de forma esparsa. A chuva em excesso faz com que os grãos se soltem da planta antes da colheita, prejudicando a produtividade. A ressalva, no entanto, não tira o entusiasmo dos produtores, que vêem no preço uma esperança de cobrir parte dos prejuízos obtidos com as culturas de verão, como a soja e o milho.
– Apesar de serem coisas diferentes, a comercialização boa da canola ajuda a cobrir parte das despesas do verão – afirma Carvalho.
O produtor mantém há três anos o plantio da oleaginosa em 40 hectares de terra. A manutenção da área se justifica pelo preço alto e a venda antecipada.
– Por vezes, colhemos bem o trigo, mas na hora da venda temos dificuldade. A canola não. Tudo que cultivei esse ano já está vendido para a indústria de biodiesel – conta.
Para Fábio Benin, engenheiro agrônomo e coordenador do Departamento de Fomento da BSBios, empresa de biodiesel que já garantiu a compra da canola produzida em 12 mil hectares no Estado, o preço pago ao produtor é um dos maiores da história.
– Pela projeção que temos agora, o lucro pode ser até 40% superior à safra do ano passado – opina.
No ritmo da soja
* O bom preço pago pela canola é decorrência do valor histórico que a soja atingiu nos últimos meses — até R$ 73,00 a saca de 60 quilos, segundo a Emater.
* A alta na soja ocorre devido à seca nos Estados Unidos, maior país produtor do grão no mundo, que vive uma expectativa de produção frustrada.
*Os preços da soja e canola são semelhantes devido à utilização da produção, ambas voltadas para o processamento de biodiesel e óleo de cozinha.
>>> Leia matéria original publicada em Zero Hora.