Há dois meses, a associação previu embarques da ordem de 785 mil toneladas. Se for confirmada, a alta será de 44% em relação as 580 mil toneladas embarcadas no ciclo passado.
? A indústria têxtil doméstica desaquecida e o consumo externo em alta justificam a revisão ? diz o presidente da Anea, Marcelo Escorel.
O diferencial deste ano, afirma ele, será o volume de vendas para a China, que deve se
destacar entre os outros destinos asiáticos.
Nos meses de agosto e setembro, os primeiros de exportação da nova safra, colhida a partir de junho, os embarques já foram recordes. Segundo levantamento da consultoria Safras & Mercado com base nos dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/MDIC), foram embarcadas em agosto deste ano 117 mil toneladas, ante as 72 mil toneladas de igual mês de 2010. Em setembro, o volume foi de 140 mil toneladas, ante as 90 mil toneladas embarcadas no mesmo mês de 2010.
Ainda de acordo com a consultoria – que considera que o ano safra começa em março -, o Brasil embarcou entre março e setembro deste ano 304 mil toneladas da pluma. A maior parte desse volume – 257 mil toneladas – foi embarcada entre os meses de agosto e setembro. Do total exportado na safra, 103 mil toneladas – ou 33% – foram para o mercado chinês, segundo levantamento da consultoria.
Em 2010, o maior comprador de algodão brasileiro foi a Indonésia, seguida da Coreia do Sul. A China foi o terceiro maior. No acumulado de 2011, os chineses assumiram a dianteira.
? É possível que essa proporção para a China se mantenha até o fim da temporada, no ano que vem ? diz Escorel.
Somente em setembro, os chineses compraram 39% do algodão exportado pelo Brasil. Das 140 mil toneladas embarcadas no mês, 55 mil toneladas foram para o país asiático.
A Ásia vem se consolidando como principal cliente da pluma brasileira há cerca de cinco anos. Em 2010, o bloco representou em torno de 90% do que Brasil embarcou no ano. Neste momento, conforme publicou o Valor, as indústrias compradoras de algodão de alguns países asiáticos estão com dificuldades de obter recursos para pagar pelo algodão adquirido do Brasil.
Internamente, a indústria têxtil brasileira também padece de dificuldades, ocasionadas pela forte oscilação do algodão neste ano. Em entrevista ao Valor em setembro durante o Congresso Brasileiro do Algodão, em São Paulo, o diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Fernando Pimentel, explicou que a produção da indústria de janeiro a agosto caiu 11% na comparação com o mesmo período de 2010.
Por causa disso, o setor têxtil reduziu sua estimativa de consumo de algodão em 2011 para 900 mil toneladas, ante as 1,065 milhão de toneladas consumidas em 2010.
? Em decorrência das exportações mais aquecidas, os preços no mercado interno permanecem sustentados, mesmo diante do início da colheita no Hemisfério Norte. Em torno de 70% da safra mundial está sendo colhida agora ? diz o analista da Safras & Mercado, Élcio Bento.
Apesar da queda de 3,41% no mercado interno no mês de outubro, as cotações do algodão acumulam alta de mais de 4% nos últimos 30 dias, segundo a Safras. Na sexta, dia 7, o indicador Cepea/Esalq para a pluma fechou em queda de 1%, a R$ 1,7752 a libra-peso. Na bolsa de Nova York, o contrato para dezembro encerrou sexta a US$ 1,0198 a libra-peso, queda de 75 pontos.
Para a próxima temporada, as previsões de exportação são ainda maiores. O Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) prevê que os embarques da pluma vão crescer para um milhão de toneladas.