Diversos

Embrapa e Sanepar vão utilizar abelhas sem ferrão para monitoramento ambiental

O projeto terá a participação de pequenos produtores rurais e vai realizar, também, um inventário de espécies de abelhas sem ferrão presentes na região de estudo

Projeto piloto será desenvolvido no entorno da Barragem Piraquara I, na Região Metropolitana de Curitiba. Foto: Guilherme Schühli

A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) e a Embrapa Florestas, firmaram convênio para desenvolver projeto piloto de monitoramento de abelhas nativas sem ferrão do entorno da Barragem Piraquara I. O projeto terá a participação de pequenos produtores rurais moradores da região e vai realizar, também, um inventário de espécies de abelhas sem ferrão presentes na região de estudo.

O objetivo é analisar a saúde das abelhas nativas como um indicador de qualidade ambiental na Área de Proteção Ambiental (APA) do Piraquara, manancial de abastecimento público da Região Metropolitana de Curitiba. E também estimular os produtores a adotarem a meliponicultura como alternativa de renda e atividade ecologicamente adequada em área de proteção.

O convênio de cooperação foi assinado em agosto último e será desenvolvido até agosto de 2023. A Sanepar disponibilizará técnicos e as dependências do Centro de Educação Socioambiental Mananciais da Serra (Ceam). A Embrapa Florestas, além do conhecimento técnico e coordenadora das pesquisas em campo, também disponibilizará técnicos, laboratórios e coleções para o andamento das pesquisas.

Neste início de setembro, será iniciado o período de levantamento de abelhas sem ferrão. As amostragens serão feitas periodicamente no entorno da barragem e no Ceam. No projeto, serão usadas caixas para a instalação de novas colônias locais em uma coleção viva que represente a diversidade local de abelhas sem ferrão.

As novas caixas serão dispostas no Ceam, ao redor da barragem e futuramente nas propriedades rurais. Nesta fase, os pequenos produtores já estarão identificados e tecnicamente capacitados em meliponicultura.

A partir de então, o projeto fará análises estatísticas periódicas dos materiais produzidos pelas abelhas nativas, como pólen e cera, e das resinas de plantas e árvores e partículas de solo que constituem a estrutura das colmeias. Essas análises pretendem investigar a qualidade sanitária destas colônias. As abelhas e seus produtos são considerados excelentes indicadores biológicos das condições ambientais.

Também está prevista a composição de pasto apícola, que é onde as abelhas buscam seu alimento, com espécies florestais que permitam o suporte da coleção viva com néctar e pólen durante os períodos do ano onde estes costumam ser mais escassos. A intenção é promover a independência dos enxames da coleção dos manejos alimentares artificiais, facilitando o produtor e aumentando as condições de saúde das colônias.

A expectativa é que o projeto contribua para a melhoria da qualidade de vida e da manutenção da proteção ambiental já desenvolvida pelos produtores. Além disso, o projeto poderá ser replicado para uso das abelhas nativas em outros mananciais utilizados pela Sanepar para abastecimento e em áreas de preservação ambiental do Estado do Paraná.

Para a Embrapa, além do aprimoramento do conhecimento da biodiversidade destas abelhas, importa o desenvolvimento de protocolos de alimentação baseado em espécies florestais e a aplicação destes insetos como indicadores de ambiente. Um dos impactos pretendidos é reduzir a necessidade de alimentação das abelhas com xaropes e suplementação de pólen por parte dos criadores.