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Diversos

Embrapa aposta em pesquisa que pode substituir transgênicos

Novo presidente da empresa fala sobre a edição do DNA de plantas, animais e microrganismos; certificação de carne produzida com compensação de carbono e agricultura digital também estão entre prioridades

microscópio em laboratório de pesquisa
A edição genômica será uma das prioridades da Embrapa a partir do próximo ano. Foto: Pixabay

Após seis meses interinamente à frente da presidência Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o pesquisador Celso Luiz Moretti foi confirmado na última semana como titular do cargo pela ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina.

Em entrevista, Moretti adiantou que em 2020 a empresa vai continuar com “uma agenda robusta”, e nesse sentido três frentes terão prioridade.

Uma delas, a edição genômica, permite editar o DNA de plantas, animais e microrganismos por meio das chamadas tesouras genéticas. Os pesquisadores querem tornar a soja mais adaptada à seca e também resistente a nematoides.

A mesma técnica seria usada para reduzir o problema do escurecimento do feijão. “Acredito que essa tecnologia substituirá os transgênicos. Isso vai impactar na questão de barreiras a alimentos que hoje, por exemplo, não conseguem chegar à Europa por causa da transgenia”, avaliou.

Carbono Neutro

Ainda entre as novidades do próximo ano para a Embrapa está o início do processo de certificação e comercialização de produtos com a marca-conceito Carne Carbono Neutro (CCN). Isso garante que os animais que deram origem ao produto tiveram as emissões de metano entérico – gás produzido na digestão dos ruminantes e eliminado pelo arroto dos bichos – compensadas durante o processo de produção pelo crescimento de árvores no sistema.

A Embrapa calculou a quantidade de gases que as vacas produzem durante seu ciclo de cria, recria e engorda – prejudiciais ao meio ambiente – e chegou à conclusão que, quando animais de corte ou de leite são criados em meio a lavoura e árvores, o CO2 e o carbono do meio ambiente são totalmente neutralizados.

Agricultura digital

Outra prioridade para o próximo ano é o investimento em agricultura digital. “A gente utilizará mais drones, mais sensores, mais internet das coisas, para que a agricultura brasileira avance a passos mais largos e mais rapidamente”, disse.

Moretti admitiu que, diferentemente de países como a China, que apresenta cobertura de internet em 95% de seu território, no Brasil só 65% das localidades estão conectadas pela rede mundial de computadores. O otimismo vem da aprovação, este mês, pelo plenário da Câmara, do projeto de lei (PL 1481/07, do Senado) que permite o uso de recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) na área de telefonia móvel.

De acordo com o texto, que ainda precisa de nova votação no Senado, fica definido que o objetivo do Fust, que arrecada R$ 1 bilhão anualmente e já tem acumulados R$ 21,8 bilhões, praticamente não utilizados para investimentos no setor de telecomunicações, será usado para estimular a expansão, o uso e a melhoria da qualidade das redes e dos serviços de telecomunicações para reduzir desigualdades regionais.

Também poderá ser usado para o uso e o desenvolvimento de novas tecnologias de conectividade.

Programas e projetos para serviços de telecomunicações e políticas para inovação tecnológica de serviços dessa natureza, no meio rural e urbano, contarão com recursos do fundo para melhorar o acesso em regiões com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e sem viabilidade econômica.

Currículo

Engenheiro agrônomo, Moretti é pesquisador da Embrapa desde 1994, quando foi contratado para atuar no Laboratório de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Embrapa Hortaliças, unidade que chefiou entre agosto de 2008 e março de 2013. Também atuou na sede como chefe do então Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento (DPD), de abril de 2013 a julho de 2017, e depois como diretor de P&D, a partir de julho de 2017 – cargo que estava acumulando enquanto presidente interino.

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