Embrapa inicia pesquisa sobre compostos bioativos em bagaço de uvas

Proposta é desenvolver bebidas lácteas e sucos de frutas de interesse comercial e industrialA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro, RJ) iniciou atividades de pesquisa que visam extrair do bagaço de uvas compostos bioativos, como o resveratrol e outras moléculas, que possam beneficiar a saúde.

A proposta é desenvolver bebidas lácteas e sucos de frutas de interesse comercial e industrial com esses compostos funcionais, segundo a pesquisadora líder do projeto Extração e uso de substâncias de interesse comercial e industrial a partir de coprodutos gerados na produção de vinhos e suco de uva, Lourdes Maria Correa Cabral. Ela vai trabalhar com resíduos do processamento de suco de uva, vinho tinto e vinho branco e também vai estudar a extração de óleo das sementes presentes no bagaço.

O óleo da semente de uva tem alto valor agregado e é muito utilizado na indústria de cosméticos, cada vez mais interessada em usar ingredientes naturais, mas ainda não é extraído do resíduo da uva, sendo descartado. O projeto vai otimizar a técnica de separação da semente do bagaço e os processos de extração e refino do óleo da semente da uva, garantindo seu aproveitamento. Os resíduos das vinícolas ganharão aproveitamento econômico e os produtores, mais opções de renda.

Na primeira fase, serão realizados estudos de extração de compostos com atividade biológica (bioativos) dos bagaços, por meio de extração com solvente e enzimática, e estudos de extração de óleo das sementes. Pretende-se, no primeiro ano do projeto, otimizar o processo de extração no que diz respeito à atividade antioxidante em cada um dos extratos. Serão verificados o nível de atividade antioxidante e o teor de antocianinas, para saber qual é o mais interessante do ponto de vista funcional.

Em uma segunda fase, as instituições parceiras vão realizar estudos e testes com os extratos e desenvolver os produtos. Participam do projeto pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho (Bento Gonçalves, RS), Embrapa Caprinos e Ovinos (Sobral, CE) e quatro grupos de pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Química, Grupo de Bioquímica Médica, Instituto de Microbiologia e Grupo Ciência de Alimentos. Além da parceria de instituições de ensino e pesquisa, o projeto conta com a participação da Cooperativa Vinícola Aurora e da Tecnovin, produtoras de vinhos e suco de uva com expressiva participação no mercado, com sede no Rio Grande do Sul.