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As novas cultivares vão permitir o uso do herbicida glifosato em qualquer fase do desenvolvimento do algodoeiro sem gerar danos às plantas. Segundo o pesquisador da Embrapa Algodão (Campina Grande, PB) e especialista em melhoramento genético do algodoeiro, Camilo Morello, a expectativa é reduzir o número de aplicações de herbicidas para manejo de ervas invasoras e, consequentemente, reduzir os custos de controle.
– O manejo de plantas daninhas em lavouras de algodoeiro é bastante complexo e oneroso. Com o uso dessas cultivares, tem-se a possibilidade de controle mais eficiente, de forma mais simples e econômica. Com o uso do glifosato em duas ou três aplicações em pós-emergência do algodoeiro e mais algum outro princípio ativo, deve haver uma redução de duas a três aplicações de herbicidas – disse o pesquisador.
Morello orienta que o produtor não deve utilizar exclusivamente o princípio ativo glifosato no controle de plantas daninhas, a fim de evitar o aparecimento de plantas daninhas resistentes.
Para os cultivos em primeira safra, as produtividades médias esperadas são acima de 4.500 kg/ha de algodão com caroço, com percentual de pluma em torno de 40 %. Para o cultivo em segunda safra, as produtividades médias esperadas são acima de 3.300 kg/ha de algodão com caroço, com percentual de pluma em torno de 38 %. As cultivares produzem fibras de padrão de comprimento médio, entre 29 a 31 mm; com resistência em torno de 30 gf/tex e micronaire entre 3,8 a 4,3.
– Esses valores, bem como os valores para outras características como uniformidade de comprimento, elongação, reflectância, grau de amarelo, índice de fiabilidade, avaliadas em HVI (High Volume Instrument), são indicativos de fibras nos padrões de exigência das indústrias – afirma o Morello.
Segundo o pesquisador, além de reduzir o número de aplicações de herbicidas, outra indicação para as novas cultivares são as áreas de refúgio.
– Em função da necessidade por parte do produtor no cultivo de algodoeiro geneticamente modificado com resistência a insetos, principalmente após os danos causados pela Helicoverpa na última safra, as cultivares geneticamente modificadas tolerantes a herbicidas são opções interessantes para as áreas de refúgio, que devem ser em torno de 20% da área total – pontua.
Em lavouras com cultivares transgênicas resistentes a insetos (cultivares Bt), são necessárias as áreas de refúgio, que consistem num percentual da lavoura com cultivares convencionais (não Bt), com o objetivo de possibilitar o acasalamento entre eventuais indivíduos (mariposas) resistentes ao evento com indivíduos (mariposas) susceptíveis ao evento (cultivar geneticamente modificada), permitindo uma maior longevidade da tecnologia de resistência a insetos. As quatro novas cultivares geneticamente modificadas são tolerantes ao herbicida glifosato, porém convencionais quanto a resistência a insetos. E a cultivar BRS 371RF tem, ainda, a vantagem de ser resistente à principal doença da cultura, a mancha de ramulária.
Biotecnologia adaptada ao ambiente tropical
As novas cultivares da Embrapa são as primeiras com a tecnologia RRFlex (segunda geração de eventos com tolerância ao herbicida glifosato). A Monsanto já havia lançado cultivares portadoras da tecnologia RR (Roundup Ready), que pertence a primeira geração de eventos de tolerância a esse herbicida, porém só permitia aplicações em fases iniciais do desenvolvimento do algodoeiro.
O desenvolvimento das cultivares BRS 368RF, BRS 369RF, BRS 370RF e BRS 371RF teve início com o licenciamento da tecnologia Roundup Ready Flex, pertencente a Monsanto. A partir desse licenciamento, a Embrapa incorporou o gene que confere a tolerância ao herbicida glifosato no seu germoplasma de algodoeiro, culminando no desenvolvimento das quatro cultivares.
– Com essas cultivares, a Embrapa está dando uma importante contribuição para a cotonicultura, pois está unindo a genética que confere adaptação ao ambiente tropical, em termos de produtividade, resistência a doenças e qualidade de fibra com a biotecnologia que confere a tolerância a um herbicida de amplo espectro, resultando em maior praticidade e economia no controle de plantas daninhas. O resultado final é a disponibilização de uma tecnologia que contribui para melhorar a competitividade na produção de algodão no Brasil – avalia o pesquisador da Embrapa Algodão.