Semente produzida em conjunto com a Basf terá tolerância a produtos à base de imidazolinonas e será alternativa no combate às plantas resistentes ao glifosato
Roberta Silveira | Lodrina (PR)
A Embrapa Soja, localizada em Londrina (PR), desenvolve novas biotecnologias adaptadas ao clima e ao solo das diferentes regiões produtoras. A partir de 2015, a Embrapa, em parceria com Basf, deve lançar uma nova variedade de soja que facilita o combate a ervas daninhas que já criaram resistência ao glifosato, a Soja Cultivans. O grão terá tolerância a produtos à base de imidazolinonas.
A semente já está disponível para plantio desde o final de 2009, mas ainda não foi lançada porque a estatal aguarda a liberação dos principais países importadores da oleaginosa, como afirma o chefe-adjunto de transferência de tecnologia da Embrapa, José Cattelan.
– É uma nova soja transgênica. Na verdade, é o primeiro transgênico desenvolvido totalmente no Brasil. É uma soja resistente a outro tipo de herbicida diferente do glifosato, que é da soja RR ou Intacta. Essa soja está liberada para plantio no Brasil desde o final de 2009, mas nós ainda não a colocamos no campo porque estamos aguardando a liberação final da Europa. Já temos dos demais países importadores. A expectativa é que até meados de 2015, saia essa liberação para ter a soja cultivans na safra 2015/2016 – explica.
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As pesquisas realizadas pela instituição pública do Brasil recebem apoio até de governos de outros países para a realização das pesquisas científicas. Por exemplo, o Japão.
– Como o Japão é um grande importador de alimentos, eles buscam alimentos saudáveis e a baixo custo. Então é interesse deles que o Brasil produza mais para que eles possam importar – comenta Cattelan.
Na Embrapa Soja também se estudam as pragas, como a lagarta Helicoverpa armígera. Elas são criadas em laboratório para que possam ser utilizadas nos experimentos.
– A gente espera que as esferas federais reconheçam a importância do Centro da Soja. Que dediquem mais recurso, mais dinâmica, para que a pesquisa ocorra com mais velocidade – opina o consultor técnico do Soja Brasil, Áureo Lantmann.
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Mas a pesquisa não espera só pelo governo. As cooperativas também têm papel importante nos testes das variedades que vão ser cultivadas no país. Em Campo Mourão, a cooperativa Coamo tem uma fazenda experimental que estuda a soja e o milho em diferentes ciclos de desenvolvimento. As variedades que produzem em menos tempo também são mais sensíveis e podem ter mais perdas de produtividade na rotação de culturas.
– O plantio feito muito cedo, usando uma variedade superprecoce de soja e um hibrido de milho superprecoce é uma das piores combinações quando se pensa em ganho de dinheiro por hectare. O lucro, a rentabilidade dele é a mais afetada de todos os 12 tratamentos que nós temos aqui no ensaio – ressalta chefe da fazenda experimental Coamo, Joaquim Mariano Costa.
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