Na região do Cerrado o rígido cronograma das chuvas determina o plantio. Na fazenda do produtor Oscar Straschon, por exemplo, a soja leva até 150 dias para ser colhida. Por isso ele tem menos tempo para cultivar a safrinha de outras variedades ? como o milho e o feijão ? e perde em produtividade. Realidade que deve mudar com a soja desenvolvida pela Embrapa, colhida após 90 dias.
? Nós temos a oportunidade de termos mais de um cultivo durante o ciclo de chuvas que para nós é bastante definido, quanto mais pudermos aproveitar essa energia do sol, da água, essa disponibilidade que o ambiente oferece para mais uma cultura é muito importante ? afirma o produtor.
O estudo, iniciado em 2008, está em fase de finalização. A variedade foi pensada para atender as características do centro-oeste, onde a soja é a principal cultura.
? É importante do ponto de vista econômico porque permite giro maio ao produtor, minimiza os riscos da agricultura e ele pode faturar tanto na soja quanto na safrinha ? afirma o pesquisador Sebastião da Silva Neto, da Embrapa.
O resultado foi possível graças ao cruzamento de milhares de linhagens genéticas. Além de ser precoce, a variedade tem resistência aos vermes que atacam a raiz e que têm grande incidência no Cerrado.
O curto tempo de exposição no campo garante menor incidência de pragas, reduzindo os custos com a aplicação de agrotóxicos. O agricultor, no entanto, terá queda na produtividade.
? Teoricamente se perde algum potencial porque o ciclo curto encurta, porém, essa perda é compensada pelo preço da soja na época que é colhida porque é colhida antes e o mercado está desabastecido e com preço melhor ? finaliza o pesquisador.