? Nós sentimos que eles [Suzano] estão cada vez mais interessados em se estabelecer aqui ? disse o diretor nacional da Indústria de Moçambique, Sidone dos Santos.
A comitiva da empresa brasileira visitou áreas nas províncias da Zambézia, de Nampula e de Cabo Delgado, no Centro-Norte do país, que já estuda investimentos de infraestrutura na região por causa de outros projetos em implantação. Um dos principais é o de exploração de minérios pela brasileira Vale e pela australiana Riversdale, na vizinha Província de Tete. A demanda é por melhores condições de transporte para escoar a produção pelos portos da Beira ou de Nacala.
A Suzano ainda não apresentou formalmente o projeto de investimento. As autoridades moçambicanas esperam que ele envolva toda a cadeia produtiva, do plantio do eucalipto até o processamento final do papel e da celulose.
? Temos grande necessidade de uma fábrica dessas aqui, mas que venda para nós também. Gastamos demasiadamente com importação ? disse Santos.
Moçambique importa praticamente todo papel que consome, de embalagens a papel higiênico, papel de jornal, cartões e outros derivados da celulose. Por haver a possibilidade de envolver a plantação de eucaliptos e pínus, matéria-prima da celulose, o projeto também precisará da aprovação do Ministério da Agricultura, que vai analisar o impacto ambiental da iniciativa.
Procurada pela Agência Brasil, a Suzano preferiu não fazer comentários a respeito do projeto ? o segundo envolvendo o setor de papel e celulose trazido para apreciação do governo moçambicano este ano. Em março, a portuguesa Portucel divulgou que pretende investir US$ 2,3 bilhões no país até 2025. A planta, ainda em processo de aprovação, irá servir ao mercado asiático e deve produzir 1 milhão de toneladas por ano.
A Suzano Papel e Celulose tem cinco fábricas, todas no Brasil, mas atua fortemente no Exterior. No ano passado, a Ásia foi o principal destino de suas vendas, com 44,9% de participação. O segundo maior mercado foi o europeu, com 32,9%. Na sequência vêm América do Norte (6,7%) e América do Sul (0,9%).
As vendas para o mercado brasileiro absorveram 14,7% da produção da Suzano. A companhia produziu 1,6 milhão de toneladas em 2009, ano de recuperação da demanda por celulose no mercado internacional, sendo que 1,5 milhão foi vendida fora do Brasil. A empresa tem, ainda, investimentos programados da ordem de US$ 6 bilhões para a construção de novas plantas no Maranhão e no Piauí.